A escassez de crédito do Banco do Brasil (BB) aos agricultores gaúchos está limitando o crescimento da indústria de calcário do Rio Grande do Sul em 2016. De acordo com Luiz Alberto Coradini, da Indústria de Calcário Vigor, o consumo de calcário para correção das lavouras de soja e milho que começam a ser plantadas em outubro poderia crescer em torno de 30% neste ano, deste de que o BB liberasse recursos de investimentos para atender as necessidades de financiamento dos produtores.
O calcário é um mineral composto por carbonato de cálcio e magnésio utilizado para correção da acidez do solo. O calcário melhora o aproveitamento dos nutrientes da terra e fornece às plantas teores ideais de cálcio e magnésio, dando ganhos significativos de produtividade especialmente nas lavouras de soja e milho por até três anos após a aplicação.
A agricultura do Rio Grande do Sul, como poucas novas fronteiras de expansão, tem utilizado cada vez mais insumos e tecnologias para elevar a produção nas mesmas áreas cultivadas. Este ano os produtores rurais já incorporaram suas terras em torno de 2,2 milhões de toneladas de calcário, de um total esperado de 2,6 milhões de toneladas, dependendo da liberação dos recursos bancários.
Apesar do aumento do consumo do calcário, os preços ficaram praticamente estabilizados. Uma tonelada de calcário na porta da indústria custa em média R$ 50,00. O preço do frete dependerá da distância da indústria até a lavoura. Para uma distância de 300 km, o frete fica em torno de R$ 50,00 a tonelada.
As indústrias em Caçapava do Sul são responsáveis por 80% da produção do calcário consumido, que teve incremento em suas vendas nos últimos meses, indicando a expectativa de uma grande safra agrícola. A indústria Dagoberto Barcellos (DB) estima produzir 750 mil toneladas de calcário em 2016, cerca de 90 mil toneladas a mais do que em 2015 para atender um aumento de produtores acima do previsto, segundo o diretor comercial Carlos Cavalheiro.
O aumento da produção da indústria tem reflexos nos empregos e transporte de carga. As indústrias de calcário de Caçapava ampliaram de 1000 para 1200 os postos de trabalho, com salários médios de R$ 2 mil mensal.
Luiz Alberto Coradini diz que, se o Banco do Brasil criasse uma linha de crédito de investimento disponibilizada durante os 12 meses do ano, as indústrias, os transportadores e os agricultores teriam um ganho significativo. É que o calcário, diferente do adubo, pode ser aplicado em qualquer época do ano. O efeito corretivo do solo dura em torno de 6 meses. Desta forma, a aplicação do produto poderia ser feita fora da época de plantio, onde todos os custos são maiores. Nesta safra o BB está liderando os recursos de calcário na modalidade de custeio, cujo prazo de pagamento é de um ano. Já as linhas de investimento são de três anos, o que seria mais compatível com o prazo de quatro anos de validade do produto aplicado no solo.
A ausência de uma política de crédito oficial para financiar o consumo de calcário dos produtores rurais acaba interferindo neste tipo de atividade industrial no médio e longo prazo. Como não há produto mais eficaz para corrigir acidez do solo, o calcário veio pra ficar. Estudos feitos pela Embrapa comprovam que, se for elevado de 5,5 para 6 o PH do solo, haverá um aumento de consumo de calcário e um ganho significativo de produtividade de soja. E, mesmo com o aumento do consumo, as jazidas de calcário de Caçapava do Sul tem capacidade de produção para os próximos 200 anos.