O ex-presidente Lula definiu o efeito da crise da economia mundial de 2009 sobre o Brasil como uma “marola”. Sete anos depois o país está ainda sofrendo os efeitos desta crise, agravado pelo afrouxamento fiscal que ajudou Dilma Rousseff a ganhar as eleições de 2010 e 2014.
Era uma “marola turbinada”, Lula, que levou a uma crise fiscal, atingiu os fundamentos da economia e jogou o Brasil em um processo recessivo lento e gradual. Só não foi pior por conta da política de estimulo ao crédito do ministro da Fazenda, Guido Mantega e das obras do PAC, como construção de usinas, estradas, portos e aeroportos — deixando à parte os gastos com as obras dos estádios da Copa do Mundo e Olimpíadas, que ajudaram a piorar o rombo das contas do governo. Embora tenham gerado empregos, não ajudam em nada a melhorar a competitividade do país.
A batalha que o governo do presidente interino Michel Temer terá pela frente é acabar com os efeitos da “marola turbinada” sobre as contas públicas e estimular o crescimento da economia com o protagonismo do setor privado. Está cada vez mais claro que só com o crescimento da economia é que vai melhorar a arrecadação dos impostos e com isso o governo terá condições de equilibrar as contas. Caso faça hoje um grande corte de gastos estaria contribuindo para um esfriamento ainda maior da atividade econômica, uma vez que haveria uma redução do dinheiro em circulação.
Assim, a capacidade de investimento em infraestrutura do setor público ficou comprometida, uma vez que o dinheiro de impostos é insuficiente para cobrir os gastos da máquina pública.
O governo vai depender do ânimo do empresariado nacional e estrangeiro para a retomada de crescimento com investimentos nas privatizações ou nas oportunidades do mercado consumidor brasileiro.