O desafio do Banco Central de administrar o real valorizado

Ilan Goldfajn presidente do Banco Central. Foto Orlando Brito

Dificilmente um presidente do Banco Central dá entrevistas para explicar as medidas que vem tomando. Quando Ilan Goldfjan recorreu à imprensa para esclarecer a política monetária, acabou dando um sinal de que pode estar havendo ruídos sobre o que vem fazendo o Banco Central para estabilizar os preços e o câmbio.

Na ultima semana, um grupo de empresários influentes de diversos setores esteve com o ministro da Fazenda Henrique Meirelles e o presidente Michel Temer. Uma das reclamações foi da valorização do real diante do dólar, coisa que tira a competitividade das exportações, único setor que vem contribuindo para recuperação da economia do país.

Então, o que os empresários querem é que o Banco Central evite a valorização do real. Mas com o atual déficit primário de R$ 170,5 bilhões e as taxas de juros de 14,25% fica bem complicado para a autoridade monetária atender o pedido. Com a tendência de confirmação de Michel Temer na Presidência junto com a atual equipe econômica, o fluxo de ingresso de capital estrangeiro ao país só tende a aumentar, ainda mais com o atrativo da remuneração das taxas de juros.

Para segurar a taxa de câmbio, o Banco Central só tem um jeito: comprar dólares. Quando faz isso, está injetando reais na economia. Para evitar que esta oferta de dinheiro alimente a inflação, o Banco Central vende títulos públicos no mercado. O resultado é o aumento da dívida pública e dos custos de carregamento das reservas internacionais do país.

Quando assumiu o BC, Ilan Goldfjan tinha que lidar com juros e desequilíbrio fiscal. Agora terá que enfrentar os problemas de câmbio, o terceiro e talvez mais importante fundamento da economia neste momento.

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