A sugestão de um aliado que Bolsonaro não deve seguir

O prefeito de Nova Iguaçu deu dicas simples, mas valiosas para Bolsonaro, candidato à reeleição. Para alegria de muitos e lamento de outros, dificilmente o presidente irá adotá-las

Jair Bolsonaro é candidato a continuar por mais 4 anos na Presidência do Brasil. Onde estão os aliados?

Além de couro grosso, participar de batalhas político-eleitorais num regime democrático requer do candidato a capacidade de escutar. Do latim auscultare, “ouvir com atenção”.

“Bolsonaro não consegue sair dos extremos. Não usa a razão tempo algum. Isso de negar vacina, protocolos… Precisamos de consenso, equilíbrio, de um líder”, comentou o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Rogério Lisboa (PP). De acordo com os jornalistas Rayanderson Guerra e Bianca Gomes, o edil não quer saber da bandeira do PT, mas irá participar da campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, que almeja o terceiro mandato presidencial.

O prefeito Rogério Lisboa, de Nova Iguaçu (RJ), é do Centrão, mas vai fazer campanha aliado ao ex-presidente Lula

Lisboa é do Centrão, um aliado formal do bolsonarismo nas eleições presidenciais deste ano. Porém, o instinto de sobrevivência fala mais alto. O presidente Jair Bolsonaro é um político que se afasta da lógica, rejeita a ciência, prima pela desavença, nega vacinas a criancinhas e prefere restringir-se a um nicho de extremistas em vez de liderar a Nação. Buscar consensos, então, nunca esteve na agenda do mandatário. Sim, o consenso absoluto é utópico, mas agregar a maior parte da cidadania em torno de ações governamentais é atribuição precípua de políticos democráticos.

Maleabilidade estratégica

Se escutar, para além de seus rebentos e das postagens das redes antissociais, o capitão-mor pode superar a casa dos 20% que o apoiam, percentual auscultado pelas pesquisas de intenção de voto. A guinada, no entanto, não aparece no horizonte. Sexagenário, o capitão-mor tem os vícios e as manias entranhados na farda rota que guarda no armário.

Para seu infortúnio, do outro lado há candidatos mais maleáveis. Sabem que, numa democracia, não se governa sozinho ou apenas com uma minoria da sociedade. Em eleições, a flexibilidade política deve ser até maior, ainda que demagógica.

Razão, bom senso, equilíbrio, moderação, tolerância, empatia e respeito à ciência inexistem na doutrina bolsonarista. Aliás, dificilmente um candidato reúne todos estes predicados. Mas nenhum, tirante o presidente da República, rejeita todos ao mesmo tempo.

Para alegria de seus adversários e lamento de aliados, Bolsonaro não parece disposto a adotar estratégias eleitorais agregadoras. Ironicamente, sua vitória depende em grande parte dos “neoaliados”, como Ciro Nogueira, do PP de Lisboa, experts em se manter no poder.

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