A imagem mais simbólica do dia em que o governo entregou seu novo pacote econômico ao Legislativo não foi a da entrega do calhamaço pelo presidente Jair Bolsonaro ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Foi a da ex-líder do Governo, Joice Hasselmann, chorando na tribuna da Câmara enquanto desancava o governo e chamava de “bandidos” e “criminosos” os que a atacam nas redes sociais – inclusive os filhos do presidente Jair Bolsonaro.
Joice recebeu solidariedade e apoio de muitos colegas, inclusive de deputadas do PCdoB como Alice Portugal e Perpétua Almeida – até anteontem ferrenhas adversárias.
A leitura geral da performance da tarde foi uma só: a base parlamentar do governo, que já era muito pequena, virou pó. Com a implosão do PSL, Bolsonaro não tem mais sequer o grupo de gatos-pingados que o defendia da tribuna. Quanto mais gente para articular as forças governistas nas comissões e no plenário, e menos ainda para negociar a aprovação do novo pacote.
Isso quer dizer que nada vai passar? Não. Isso quer dizer que só vai passar aquilo que deputados e senadores quiserem – é que, mais uma vez, o Planalto será coadjuvante nessa negociação, tal como ocorreu na Previdencia.
Só que o humor do Congresso também já mudou muito. É provável que aceite votar a PEC emergencial — que, como já diz o nome, é essencial para salvar o orçamento de 2020. O resto é o resto, e pode ficar para o ano que vem, para o outro, ou até para o seguinte…