O Brasil amanheceu sob o impacto de novas operações da Polícia Federal, inclusive resgatando antigos personagens como Carlinhos Cachoeira e a empreiteira Delta, mas o que está mobilizando políticos, advogados e outros observadores da cena nesta quinta é a decisão do ministro Dias Toffoli de tirar da cadeia o ex-ministro Paulo Bernardo. A interpretação geral é de que o STF mandou um aviso importante aos navegantes: não quer mais Moros por aí.
A proliferação de mandados de prisão preventiva de juízes de primeira instância pelo Brasil afora nos últimos tempos está preocupando a cúpula do Judiciário. Há o lado positivo de que, pela primeira vez na história, corruptos de colarinho branco estão indo para a cadeia. Mas há exageros e injustiças. E um claro efeito entre os juízes e procuradores: parece que todo mundo quer ser Moro e ter seus cinco minutos de holofotes.
Se o STF não teve ânimo, ou força, para enquadrar um Sergio Moro endeusado pela mídia e pela própria sociedade sedenta de justiça, está, por outro lado, decidido a não permitir que clones do juiz paranaense se multipliquem por aí. Interlocutores do STF mencionam riscos como o de se chegar a um estado policial, em que direitos básicos como a presunção da inocência seriam deixados em segundo plano.
Operações diárias, prisões aos montes, entrevistas rotineiras de autoridades policiais ao vivo estão compondo um quadro alarmante para muita gente. Por isso, a decisão de Dias Toffoli tem o apoio da maioria de seus pares do STF e de boa parte do mundo político, inclusive de anti-petistas, que raciocinam: hoje é ele, amanhã sou eu.