Seleção de Tite errou mais que juiz mexicano

Foto Lucas Figueiredo/CBF

O empate da seleção brasileira com a Suíça, em sua estreia no Mundial da Rússia, neste domingo, parece que doeu mais no Grupo Globo do que na torcida brasileira. A enxurrada de críticas ao árbitro mexicano César Ramos, ao cometer dois erros que teriam sido fatais para o resultado da partida, serviu mais para encobrir os erros dos jogadores de Tite, e do próprio técnico, que falhou nas substituições.

Única rede de televisão brasileira a transmitir a Copa 2018, nos seus canais aberto e fechados, a emissora vendeu a transmissão dos jogos para seis patrocinadores por um valor total de R$ 1 bilhão e 60 milhões, oferecendo em contrapartida uma audiência que poderá ser frustrada com um tropeço do Brasil. Essa frustração, por sua vez, também poderá contribuir para aumentar a apatia da torcida com a seleção.

Ao final da partida, a emissora não conseguia esconder sua frustração com o resultado de um a um e tentou, por meio das entrevistas dos seus repórteres, do técnico Tite aos jogadores, estender a eles o seu abatimento. Repetida à exaustão, a pergunta sobre o erro do juiz no gol da Suíça, era relativizada pelos entrevistados, que preferiram não polemizar com o árbitro e chegaram até mesmo a apontar o recuo da equipe após o gol brasileiro como facilitador da reação dos jogadores suíços.

Mas feitas as contas, na ponta do lápis a aritmética confirma que a seleção errou muito mais que o mediador da partida. Contra os dois erros do juiz, a seleção de Tite, que está entre as mais caras das que se encontram na Rússia em busca do título mundial de 2018, errou pelo menos 16 dos 20 chutes em direção ao gol da Suíça. Dos quatro que não desviaram da rota um foi convertido em gol por Philippe Coutinho, enquanto os outros três foram defendidos pelo goleiro suíço.

O reconhecimento dos erros da seleção foi dos próprios jogadores. Eles admitiram que erraram demais e que a atuação ao time ficou muito aquém do que esperavam. O zagueiro Miranda, que sofreu pequeno empurrão do suíço Zuber no gol de empate, não poderia ter sido mais claro na entrevista concedida à TV Globo, ao final da partida: “Tentamos impor nosso ritmo, mas infelizmente erramos muitos passes e jogadas.”

Miranda disse que se ele tivesse se jogado no momento do empurrão, talvez o juiz assinalasse a falta do atacante suíço, mas reconheceu o papel do árbitro de vídeo. “Eles viram e acharam que não foi para tanto”, acrescentou. Sobre o pênalti em Gabriel Jesus, o próprio técnico Tite disse que o lance era polêmico e cabia muitas interpretações.

Foto Lucas Figueiredo/CBF

Além desses erros e do exagerado cai-cai de Neymar, sua marca registrada quando está na seleção (ele havia deixado essa mania quando atuava no Barcelona), Tite não foi muito feliz nas substituições. O técnico não colocou em campo Douglas Costa, depois da Suíça chegar ao empate, preferindo tentar reorganizar o meio campo, quando o certo seria buscar marcar gol, especialidade do atacante mantido no banco.

Embora não tenha sido o pior resultado, o empate no jogo de estreia contra a Suíça deverá manter o desinteresse da torcida pela seleção até que chegue a primeira vitória, o que poderá acontecer na próxima sexta-feira, contra a Costa Rica. Neste domingo, os costarriquenhos perderam para a Sérvia, a terceira adversária do Brasil e hoje líder do grupo da seleção. Um reencontro com a vitória poderá devolver às ruas torcedores envergando a camisa amarela.

Exibida para milhões de telespectadores pela seleção ao entrar em campo neste domingo no estádio de Rostov para enfrentar a Suíça, essa camisa tem sido evitada por boa parte da torcida brasileira com medo de se confundir com a turma do Fora Dilma, do Não vai ter copa.  Mas esse pessoal que chegou ao orgasmo com os 7 a 1 de quatro anos atrás, hoje tem vergonha de usar a camisa que vestiu como bandeira para supostamente combater a corrupção e na qual viu seus líderes chafurdar.

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