O acordo firmado na tarde desta quarta-feira (01) pelos diretórios nacionais do PT e do PSB, pela neutralidade do PSB na eleição presidencial mas ao custo da retirada da candidatura da vereadora recifense Marília Arraes ao Governo de Pernambuco, só tem um vitorioso: o governador Paulo Câmara, que contará com os votos dos eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para viabilizar a sua reeleição.
Mal posicionado nas pesquisas, Paulo Câmara nada acrescenta à candidatura do ex-presidente Lula ou do substituto que ele indicar, caso se confirme o seu impedimento para participar do pleito. Enquanto isso, o pré-candidato do PT tem a preferência de mais de 60% do eleitorado pernambucano, votos mais do que suficientes para eleger a candidata do partido ao governo estadual, o que ocorreria pela primeira vez.
Tão forte é a presença de Lula em Pernambuco, seu estado natal, que o outro adversário de Paulo Câmara ao governo, o senador Armando Monteiro Neto (PTB), ministro da Indústria e Comércio Exterior da presidenta Dilma Rousseff, que tem na sua aliança dois ex-ministros do presidente Michel Temer (MDB) como candidatos ao Senado, os deputados Mendonça Filho (DEM) e Bruno Araújo (PSDB), dividirá seu palanque entre as candidaturas de Geraldo Alckmin (PSDB+Centrão) com a do PT.
Pelos votos de Lula em Pernambuco, a candidatura do ex-presidente ou do seu possível “poste” pode ganhar ainda o apoio do senador Fernando Bezerra (MDB), que tem grande poder de fogo no sertão (seu filho Miguel Coelho é prefeito de Petrolina). Bezerra e toda a sua família fazem oposição a Paulo Câmara, que lhe excluiu seu grupo político da composição do governo estadual, além de disputar na justiça o comando do MDB de Pernambuco como deputado Jarbas Vasconcelos e o vice-governador Raul Henry.
Derrotado nas últimas eleições para a Prefeitura do Recife exatamente pelo PSB do governador Paulo Câmara e do prefeito Geraldo Júlio, em 2014 o PT de Pernambuco também não conseguiu eleger nenhum deputado federal. O representante do partido no Congresso é o senador Humberto Costa, que também se beneficia da retirada da candidatura de Marília Arraes para fazer dobradinha com Jarbas para tentar a sua reeleição para o Senado. Na chapa de Marília, o candidato do Senado era o deputado Silvio Costa (Avante), fiel escudeiro de Lula e Dilma.
Já Paulo Câmara, que na eleição de 2014 apoiou no segundo turno a candidatura derrotada do senador Aécio Neves (PSDB), também capitaneou dois anos depois os votos dos PSB na Câmara dos Deputados pelo impeachment da então presidenta Dilma Rousseff. Além disso, tem em sua chapa como candidato a senador o deputado Jarbas Vasconcelos (MDB), adversário histórico do PT e crítico intolerante de Lula. Jarbas, que também é adversário de Temer, alinhou-se à candidatura de Geraldo Alckmin. Assim, como no palanque do PTB, o do PSB de Paulo Câmara também será dividido entre as candidaturas do PSDB e do PT.