Metade dos trabalhadores brasileiros precisaria trabalhar mais de 162 anos para juntar o dinheiro que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decidiu dar a cada jogador para injetar ânimo na seleção brasileira após a frustração com o tímido empate diante da Suíça por 1 a 1, na estreia do Brasil no Mundial da Rússia, no último domingo.
O estímulo veio em forma de muito dinheiro, cujo pagamento está condicionado à conquista do hexacampeonato. Cada um dos 23 jogadores, mais o técnico Tite, vão embolsar 500 mil dólares, mais de R$ 1,885 milhão, ao câmbio de hoje (R$ 3,77), se trouxerem o caneco. O valor somado totaliza cerca de R$ 43,355 milhões de premiação.
Muitos milhões de trabalhadores brasileiros podem sonhar com o “bicho” de R$ 1,885 milhão que os jogadores vão receber para engordar sua conta bancária, mas isso não vai passar do imaginário.
Metade desses trabalhadores – cerca de 45 milhões – vive do salário mínimo de R$ 965 mensais. Para alcançar a premiação que cada jogador receberá em 35 dias de trabalho na Copa da Rússia, cada um desses brasileiros precisaria trabalhar 1.953 meses, ou 162 anos e mais sete meses.
Quem tiver a sorte de estar trabalhando e receber a média salarial do Brasil medida pelo IBGE, embolsando R$ 2.151 por mês, precisaria trabalhar quase a metade desse tempo, 876 meses, ou 73 anos para colocar na conta bancária valor igual ao “bicho” dos jogadores e de Tite.
Mas isso é privilégio de pouco mais de um quarto dos 90 milhões de trabalhadores brasileiros.
Nunca a seleção brasileira ganhou um “bicho” tão gordo por trazer o caneco nas cinco vezes em que foi campeã do mundo. Segundo o portal UOL, em 2002 a conquista do penta rendeu 150 mil dólares a cada jogador. Em 1994, o tetra valeu 50 mil dólares. Quando a copa foi disputada no Brasil, quatro anos atrás, se a Alemanha não tivesse interrompido o caminho da seleção com aqueles inesquecíveis 7 a 1 e a copa tivesse ficado por aqui, o “bicho” seria os mesmos 500 mil dólares de agora.