As primeiras horas das minhas manhãs são muito iguais. O pular da cama ainda com sono, porque acho que ninguém deveria acordar antes das 8h, faço o café e coloco o pão congelado na tostadeira. Congelar pão foi um aprendizado que a pandemia me trouxe. Não preciso ir até a padaria todos os dias. E, acreditem, o pão fica delicioso!
Já na portaria, guardo o jornal do vizinho, que o jornaleiro insiste em jogar perto da árvore com vasos de orquídea que o porteiro amarra e cuida com gosto.
Ao virar a esquina, eu me encontro com eles: um homem grandão, todo descabelado e cara de sono. Carrega seu bebê junto ao corpo, enrolado em um ‘canguru’ cinza. Na mão direita a coleira do seu cachorro peludo do qual eu não sei a raça. Só sei que é bem bonito com seus olhos de caramelo.
Fico com muita vontade ver a carinha da criança, mas não consigo. Só percebo que os cabelinhos são pretos e espetados.
Eles seguem seu caminho e eu o meu.
Hoje, a minha curiosidade falou mais alto e espichei o pescoço para ver a carinha do menino ou da menina.
O cachorro percebeu e latiu alto.
Eu ri.
O pai riu.
Seguimos.
Fim.