Edmundo Lima Arruda Jr.

A frente lulista não possui hoje somente 65 milhões de votos conquistados no segundo turno. A legitimidade foi ampliada. As Forças Armadas encontram-se aliviadas com o fim do histrionismo narcisista e compulsivo do ex-presidente. O bolsonarismo foi nocauteado. Mas ainda pode se erguer.

O Brasil tem condições de ser restaurado, projetando-se em termos geopolíticos e ecológicos muito além de uma certa visão nacionalista capenga, capaz de fixar-se globalmente como futuro para uma vida melhor para todos

Uma oportunidade histórica está dada para o Brasil, a de apontar um futuro para ele mesmo enquanto futuro para o mundo. Não se trata de uma utopia, mas de atitudes capazes de ultrapassar e romper com um pragmatismo que vem asfixiando as esquerdas e hidratando a pior direita existente.

A partir de agora Bolsonaro terá que enfrentar o isolamento, lutar para não ser preso por improbidade administrativa e ver nomes como Zema e Tarcísio ganhando espaço à direita. Para Lula, o desafio é maior, já que virou vidraça e terá que resgatar sua imagem política.

Aqui e nos Estados Unidos felizmente foram barradas tentativas toscas contra a opção das urnas. Mas, para os extremos nesses embates, a democracia segue considerada um entrave aos projetos ultraliberais e às versões mais atrasadas do socialismo. É preciso virar esse jogo.

O Brasil retoma o rumo da democracia. Em todas as frentes, as apostas golpistas fracassaram. O bolsonarismo tem tudo para se reorganizar, dentro da Lei e do que se espera da luta civilizada. Mas terá que se reeducar fora das truculentas e venais práticas de desinformação

Nosso mundo multicultural deve ser intercultural e muito maior que tribos artificiais produzidas em tempos polarizados, sim, mas potencializados na desinformação e nos ressentimentos.

Bolsonaro perdeu por não saber fazer a boa política. Pensou poder reconfigurar o Brasil num cristianismo menor, legitimando as forças mais reacionárias do agro ao sertanejo, da mídia às classes médias mais medrosas. Por fim, tentou prostituir as Forças Armadas.

Como a barbárie bolsonarista, que perdeu no jogo democrático, segue com agressões às Instituições da República como ameaça ao futuro da Democracia no Brasi.l