Para onde vai Luciano Huck?

O apresentador Luciano Huck, Foto GShow

É cândido o discurso em torno da candidatura de Luciano Huck. Ele está sendo apresentado como um candidato de centro num ambiente de radicalização. Todas as pesquisas – divulgadas e, principalmente, as não divulgadas – indicam que o presidente Jair Bolsonaro e o candidato do PT têm cerca de 55% das intenções de voto.

O candidato petista, Fernando Haddad, obteve 29% dos votos no primeiro turno em 2018. E, naquela eleição, o ambiente era totalmente hostil ao petismo. Diferente de agora, quando começa a se criar uma perspectiva de que seu principal líder, Lula, foi vítima de uma armação. A esquerda terá menos votos em 2022? Não parece!

Fernando Haddad 18 – Foto Orlando Brito

Há uma avaliação, praticamente, generalizada de que o presidente da República fala para seus eleitores. Isso pode não chegar aos 46% do primeiro turno em 2018, mas hoje estaria em torno de 25% a 30%. O objetivo do presidente da República é mantê-los cativos. Faz isso ao criticar o socialismo, o feminismo, o ambientalismo, e no discurso de enfrentamento à criminalidade e às posições de europeus e americanos. Alguém acha que isso não tem consistência? Não parece!

Ciro Gomes – Foto Orlando Brito

No centro, uma fatia deste eleitorado tem se mantido estável ao longo do tempo no apoio a Ciro Gomes (PDT). Ele disputou três eleições presidenciais – 1998, 2002 e 2018 – e em todas elas teve uma votação entre 10% e 13%. Isso indica que ele tem uma fatia do centro. E que a primeira tarefa de Luciano Huck, e de seus poderosos aliados na mídia e no mercado financeiro, é detonar Ciro Gomes. Ou alguém acha que não?

Os tucanos, de quem Huck é representante, alcançaram cerca de 5% dos votos com seu candidato, Geraldo Alckmin, nas eleições de 2018. Mas para viabilizar-se e ampliar sua intenção de votos, Huck e seus aliados, terão que arrebentar as candidaturas de João Amoêdo (Novo), Álvaro Dias (Podemos), Marina Silva e a do MDB. Mas, não podemos esquecer que sem as coligações, para as eleições de deputados estaduais e federais, uma candidatura própria pode ser necessária em 2022.

Álvaro Dias – Foto Orlando Brito

Para ser viável, Huck não precisa ter os 33% de Aécio Neves em 2014, mas cerca de pelo menos 25% é necessário. Mas como isso seria possível se para tal ele terá que colocar para correr o governador de São Paulo, João Dória. Se ele conseguir, qual será postura de Dória no pleito. Poderá se comportar como Aécio Neves que no passado, deixou a porta aberta de Minas Gerais para o petismo. Será que Dória não deixaria São Paulo solto para o PT e Bolsonaro. Ou alguém dúvida que isso possa acontecer?

Outro tema complexo que Huck terá de enfrentar é sua proposta de programa de governo. Afinal, ao contrário do que se imaginava, o atual presidente da República, está executando o projeto liberal dos tucanos e das elites. Bolsonaro está propondo o paraíso com as privatizações e a reencarnação das almas com a privatização parcial da Petrobras. Ele está concluindo a reforma da Previdência e pode acabar com as vinculações orçamentárias. Porque uma parcela da elite iria abandoná-lo?

Sérgio Moro – Foto Orlando Brito

Por fim, o PSDB e o DEM já não têm condições, depois de tudo o que ocorreu, de reincorporar o espírito da velha UDN. Embora devemos registrar que este é um dos aríetes que vem sendo usado por sua mídia contra o atual governo. Embora, devamos alertar que este tem um escudo para se defender, o ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Huck não deve ser menosprezado. Mas também não é o caso de cantar em verso e prosa sua constante propaganda eleitoral na TV.

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