Agora é tarde!

Michel Temer, Lula e Aécio Neves.

O presidente Michel Temer, ministros do governo, o senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Azeredo estão esperneando com o modus operandi do Ministério Público e da Polícia Federal. Estão adotando, como outros ainda devem praticar nos próximos meses, o discurso do ex-presidente Lula e dos petistas. Todos reclamam publicamente, juridicamente ou na moita de abusos, dos métodos e das ilações que embalariam a Lava Jato.

Não pretendem estas linhas entrar no mérito dessas queixas. Mas avaliar a repercussão destas lamentações. Elas são tardias. Tudo o que reprovam agora esteve presente nesse processo desde o início. Por motivos políticos ninguém se levantou contra isso. Não foram muitos os solidários aos queixumes da defesa de petistas, quando estes diziam que estavam sendo atropelados por juízes, procuradores e policiais. Tudo era aceitável.

Protestar contra isso, depois que também foram atingidos pelo turbilhão, carece de mérito e de credibilidade. Estão todos na mesma panela de sopa com fogo alto. Como podem imaginar que alguém se disporia a colocar uma colher para tirá-los do molho fervente? Pelo contrário, o que se deve esperar é a tentativa de colocar mais gente na panela, como se fosse uma espécie de temperinho para a sopa cozinhada pelo MP, pela PF e por juízes do STF e demais instâncias.

É o que faz agora a defesa do ex-presidente Lula. Descobriu mensagens, ignoradas por procuradores e juízes na instrução do processo, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pedindo dinheiro para a Odebrecht para seu Instituto. Pode não dar em nada juridicamente, mas serve como uma luva ao discurso de que o ex-presidente é vítima de um julgamento político, patrocinado pelo Judiciário, a mídia e as elites.

Assim como políticos do PSDB, do MDB e do PP não imaginavam que entrariam na linha de tiro, o Judiciário também imagina que será tratado como a Imaculada Conceição até o fim dos tempos. Isso não vai acontecer. Ministros do STF que ousam contestar o juiz Sérgio Moro já estão sendo colocados no pelourinho pela mídia. Os queridinhos, que se divertem com os que apanham, ainda vão entrar na roda viva. Imaginem o dia que for aplicada a regra do domínio do fato contra o Judiciário: “Vocês sabiam que estava errado e condenaram um inocente”.

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