Revolta de senadores põe Maia, Alcolumbre, Centrão e PT na berlinda

O recuo da ofensiva contra a Lava Jato, que começou pelo STF, pode virar também o jogo no Congresso

Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro, do Centrão - Foto Orlando Brito

Como foi antecipado aqui, uma rebelião de senadores de peso estava no radar. Ela atropelou nessa quarta-feira (4) o acordo entre Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre para impor uma alternativa questionável à disputa entre as duas Casas Legislativas sobre como restabelecer a permissão para que condenados em duas instâncias judiciais possam começar a cumprir a pena.

Os senadores desconfiaram do acordo proposto por quem sempre foi contra a prisão a partir da segunda instância. A postura do Centrão, do PT e seus satélites, e de outros alvos da Lava Jato acionou o alerta. Daí a reviravolta no Senado. O apoio de de 43 dos 81 senadores, em um abaixo-assinado, cravou como urgente a aprovação de mudanças explícitas no Código de Processo Penal, para fixar com todas as letras que condenados em duas instâncias podem ir para a cadeia.

Simone Tebet com o ministro Moro na CCj do Senado – Foto Orlando Brito

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Simone Tebet, que desde a semana passada ouviu ponderações de parlamentares de peso, como Tasso Jereissati, Antonio Anastasia, Espiridião Amin, entre outros, que o Senado não poderia ser rebaixado, acatou o pedido e marcou a votação na CCJ para a próxima terça-feira. Alcolumbre ainda resiste. Ameaça convocar seguidas sessões do Congresso para evitar a reunião da comissão. Alega que há um script, acertado com Rodrigo Maia, para só votar a polêmica PEC da Câmara. Diz ter o apoio dos líderes. Parece não ter lido a lista dos subscritores do tal abaixo-assinado. Estão lá as assinaturas de oito líderes de partidos (Major Olímpio (PSL), Eliziane Gama (Cidadania), Randolfe Rodrigues (Rede), Leila Barros (PSB), Telmário Mota (Pros), Álvaro Dias (Podemos), Jorginho Mello (PL), e Zequinha Marinho (PSC), além de líderes líderes de blocos — Welligton Fagundes (DEM/PL/PSC) e Rodrigo Cunha (PSDB/PSL). Outras bancadas, como o MDB, estão rachadas meio a meio.

Em todo e qualquer colegiado, o costume é prevalecer a vontade da maioria. Às vezes, ela toma dribles de quem está no comando do jogo. Essa é a aposta de Alcolumbre. Pode dar certo, mas é grande o risco de derrota. Se ele perder, pode comprometer inclusive o jogo de seu parceiro Rodrigo Maia e seus aliados no Centrão e nas esquerdas. É que a pressão da opinião pública, hoje focada sobre os senadores, trocaria o Salão Azul do Senado pelo Verde da Câmara. Chegaria lá no começo de 2020, ano de eleições municipais, as mais relevantes para os deputados que planejam se reeleger.

Alguns líderes da Câmara, Rodrigo Maia à frente, falam grosso, na expectativa de segurar o torpedo do outro lado do tapete. Se o Senado o disparar, a linha de defesa no Colégio de Líderes da Câmara, tida hoje como blindada, será testada pelas redes sociais, movimentos de ruas, e a pressão eleitoral.

A conferir.

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