O abraço de afogado entre Dilma e o marqueteiro João Santana

João Santana e Dilma Rousseff. Foto Orlando Brito

No almoço dessa sexta-feira (22) de gente que considero inteligente, bem informada, e com humor, uma moça de cinquenta e poucos anos, em plena forma, degustando um champanhe, filosofou: “Se for parada em uma blitz da Lei Seca, abro um botão da camisa e ofereço a opção – soprar ou chupar”. Piada à parte, o tal jeitinho brasileiro continua servindo, nas mais variadas circunstâncias, para driblar normas e leis.

Se serve de folclore ou piada em crimes de menor monta, é peça essencial nas estratégias de defesa de quem pisou na bola nos grandes escândalos de corrupção. Com a inteligência e esperteza de sempre, o marqueteiro João Santana construiu uma narrativa, digamos, malandra para escapar de uma acusação grave. Em síntese, diz que somos todos iguais, no trânsito, na pequena propina e na grande corrupção, e só ele e a mulher, Mônica Moura, pagam por isso.

Nem a cadeia deu juízo a João Santana. Mesmo com delação premiada, ele continua a achar que, com arte e magia, pode iludir os manés, ou seja, todos nós. Ele se apresenta, com lucros milionários, como vítima do sistema eleitoral. É um roteiro velho. Duda Mendonça já foi protagonista dele no escândalo do Mensalão.

Aos fatos: A Operação Lava Jato não acusa João Santana simplesmente por ter recebido pelo Caixa 2. Nem pelo fato desse dinheiro ter sido depositado em uma conta secreta dele na Suíça. A denúncia, com provas suficientes para forçar a confissão dele e de sua mulher,  é de que esse dinheiro foi surrupiado da Petrobras e usado, a pedido do PT, para pagar contas de campanha de Dilma Rousseff. Isso, sim, é um crime maior.

Diante desses fatos, João Santana e Mônica Moura alegam que antes negaram sua veracidade para proteger Dilma Rousseff no processo de impeachment. Dizem que, com provas que os comprometeram, optaram por essa confissão, até agora parcial. E Dilma?

Dilma sempre jogou na defesa no escândalo da Petrobras. Antes mesmo da Operação Lava Jato, ela jogou a desastrosa compra da refinaria Pasadena, no Texas, no colo de Nestor Cerveró. Lembrem-se, essa foi uma vacina na apuração do Tribunal de Contas da União que funcionou como uma pré-estreia da Operação Lava jato.

Depois, ela sempre negou saber de qualquer revelação nesse que é o maior escândalo de corrupção da história do Brasil, talvez do mundo. E parecia categórica em negar qualquer centavo de dinheiro desviado da Petrobras ou de qualquer outro Caixa 2 em suas campanhas eleitorais. No epílogo, Dilma, João Santana e os devaneios de ambos morrem juntos.

 

Deixe seu comentário