Moro faz valer carta branca, desloca general para o Planalto e encolhe Onix

Bolsonaro, Moro e Onyx. Foto Rafael Carvalho

Sérgio Moro foi surpreendido com o anúncio feito por Carlos Bolsonaro de que a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), subordinada ao Ministério da Justiça, seria chefiada pelo general Carlos Alberto Santos Cruz. Moro não gostou da atropelada. Mas não passou recibo.

Em entrevista nessa segunda-feira (26), Moro disse que o general Santos Cruz chegou a ser cogitado para a Senasp. “Mas o presidente externou o desejo de convidá-lo para o Planalto. E, logicamente, o presidente tem a preferência nas indicações”. Mas na semana passada o anúncio de Carlos Bolsonaro contrariou Moro, que faz questão de anunciar pessoalmente os nomes de sua equipe. Jair Bolsonaro resolveu deslocar o general para a Secretaria de Governo — um cargo com status de ministro e gabinete no Palácio do Planalto que, pelo esboço original, seria extinto. O atual secretário, Carlos Marun, cuida dali da articulação política, tarefa que no futuro governo ficará com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

General Carlos Alberto Santos Cruz. Foto Fábio Pozzebom/ Agência Brasil

Pelo novo desenho, Santos Cruz ficaria com a coordenação dos ministérios, hoje exercida pela Casa Civil. Sobraria para Onyx apenas a articulação política. A dúvida é como fica nessa equação o vice-presidente eleito Hamilton Mourão, que anunciou semana passada que a sua função no futuro governo será de monitoramento das atividades ministeriais e das políticas públicas, cobrando prazos e impedindo desperdícios. O risco é de que em uma bateção de cabeça entre generais quem pode perder poder é Onix Lorenzoni.

Enquanto Bolsonaro se cerca de generais no Palácio do Planalto, Sérgio Moro continua optando por delegados federais para montar sua equipe. Moro já havia escolhido os delegados Maurício Valeixo (diretor-geral da PF) e da delegada Érica Marena (chefia do Departamento de Recuperação de Ativos e e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI). Hoje ele anunciou outros dois delegados da PF: Rosalvo Ferreira Franco (Secretaria de Operações Policiais Integradas, um órgão a ser criado com parte das funções da Senasp) e Fabiano Bordignon (Departamento Penitenciário Nacional).

Até aqui os superministros Sérgio Moro e Paulo Guedes vêm emplacando todos seus escolhidos. A expectativa é de que montem seus times sem nenhuma influência dos políticos e até do próprio Bolsonaro.

A conferir.

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