Governo Temer promete acabar com foco de resistência de Dilma na EBC

Quem costuma ouvir a programação matutina da Rádio Nacional vai ter uma surpresa nesta segunda-feira (23). Em vez do Nacional Brasil, apresentado há algumas semanas por Sidney Rezende, volta ao ar a tradicional Revista Brasil, sob o comando de Walter Lima. A mudança faz parte da estratégia de comunicação do governo Michel Temer. Na máquina pública, é justamente na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que ocorre a resistência mais ostensiva ao novo governo.

Ao longo dos anos, a EBC se tornou um conglomerado ( TV Brasil, TV Brasil Internacional, TV NBR, Portal EBC, Agência Brasil e um cadeia de emissoras de rádio, liderada pela histórica Rádio Nacional) que, segundo apurou Ivanir Bortot, de Os Divergentes, emprega 2,6 mil funcionários e tem um orçamento de cerca de R$ 500 milhões para gastar em 2016.

Ali, ocorre uma verdadeira guerra de guerrilha. Quando aqui  se revelou que o jornalista Laerte Rimoli era o novo presidente da EBC, a direção da empresa se rebelou. O jornalista Ricardo Melo, então, presidente, disse que — mesmo tendo sido nomeado às vésperas da mais que previsível abertura do processo de impeachment no Senado — tinha um mandato de quatro anos e não deixaria o cargo.

Pois bem. Foi demitido pelo Diário Oficial da União, recorreu à Justiça. Depois, Laerte e a jornalista Christiane Samarco foram nomeados para comandar a empresa. Parecia tudo resolvido. Mas, Ricardo Melo, além de presidente, continuava como diretor de jornalismo da EBC. Para tirá-lo de lá, só uma decisão do Conselho de Administração que ainda não foi modificado, trocando representantes da gestão de Dilma Rousseff pelos indicados pelos novos governantes.

Essa transição virou um prato de confusões. No sábado a noite, na condição de diretor de Jornalismo, Ricardo Mello foi até a empresa e incluiu na programação a entrevista de Dilma a blogueiros amigos, em Belo Horizonte, em que defendeu a permanência de Melo no comando da EBC. Dentro da habitual narrativa de Dilma, a exoneração de Melo seria uma espécie de sub golpe dentro do golpe.

Além da matéria em que era personagem, Ricardo Melo editou também uma reportagem sobre o festival de cinema de Cannes, onde artistas brasileiros protestaram contra o tal golpe. Incluiu também matéria sobre a Virada Cultural de São Paulo, em que artistas também se manifestaram Temer. Aliás, a mobilização da área artística forçou Temer a recriar o Ministério da Cultura.

A nova direção da EBC diz que esse comando duplo acaba essa semana. Medidas serão tomadas, como a mudança no Conselho de Administração e o afastamento de Ricardo Melo também da direção de jornalismo da empresa. Alguns programas também sairão do ar.

 

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