Coronavírus: caiu a ficha de Trump. Só falta a de Bolsonaro

Com medo de perder a reeleição, Trump deu um cavalo de pau frente a pandemia. Esqueceu de avisar antes seu discípulo no Palácio do Planalto.

Trump e Bolsonaro nos Estados Unidos

No estilo fanfarrão de sempre, Donald Trump desdenhou da epidemia causada pelo coronavírus. Chegou a atribuí-lo a sua oposição. Manteve essa irresponsabilidade durante o fim de semana em Miami, quando jantou em seu resort com seu fã Jair Bolsonaro. Mais uma vez, Bolsonaro embarcou na cantilena do ídolo e deitou falação sobre “a questão do coronavírus” que não é “isso tudo”, é muito mais uma “fantasia” propagada pela imprensa no mundo inteiro.

A vida real atropelou Trump. Com o avanço da epidemia, inclusive nos Estados Unidos, seu descaso com o coronavírus virou a maior ameaça a sua reeleição. Sua gestão desmantelou os mecanismos de defesa da saúde pública americana, reverteu avanços do chamado Obamacare, e virou uma avenida para os ataques dos democratas.

Preocupação em todos os países com a crise do Coronavírus: na Itália, o primeiro-ministro Comte com sua equipe de governo para tratar do surto – Foto Filippo Attili

Na noite dessa quarta-feira (20), Trump deu um cavalo de pau. Trocou o informal Twitter por um pronunciamento formal à nação. E correu atrás do prejuízo com anúncios surpreendentes: suspensão por 30 dias de viagens de estrangeiros de países da Europa ( exceto os do Reino Unido) para os Estados Unidos; liberação de US$ 50 bilhões para empréstimos com juros baixos a pequenas empresas afetadas pela pandemia; e alívio imediato dos impostos sobre folha de pagamentos, com previsão  de fornecer mais de US$ 200 bilhões adicionais em liquidez para a economia. “Nós estamos num momento crítico na luta contra o vírus”, justificou. Caiu na real.

Aqui no Brasil o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sua equipe e toda a área médica país afora têm enfrentado com seriedade e competência o avanço da epidemia, apesar do pouco caso público de Jair Bolsonaro. E também do Congresso que, em meio a esse turbilhão, aumenta gastos públicos, não porque são justos, mas para marcar posição na guerrinha insensata causada por desvarios no Palácio do Planalto.

O ministro Mandetta e o Dr. Gabbardo, do gabinete de crise da Saúde para o Coronavvírus – Foto Agência Brasil

Como ensinava o sábio Ulysses Guimarães, é perigoso fazer piquenique na cratera do vulcão. Na noite dessa quarta-feira, algumas fichas caíram em Brasília. Numa reunião convocada às pressas com a cúpula do Congresso, ministros e parlamentares, Mandetta previu que o cenário no Brasil vai se agravar a partir da semana que vem. A expectativa é de que a epidemia avance a ponto de não dar mais para rastrear seu percurso. O líder do governo no Senado, Eduardo Gomes, acenou com a liberação por Medida Provisória de R$ 5 bilhões para o combate dos estragos causados pelo vírus, sem explicar qual será a fonte dos recursos.

Nessa quinta-feira, Bolsonaro deve se reunir com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre para tratar do assunto. Espera-se uma guinada de Bolsonaro na mesma linha de Trump. Afinal, a fantasia está virando pesadelo.

A conferir.

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