As elites políticas fingem que não entendem a rejeição geral a um acordão

O Brasil é administrado por um governo interino e de emergência. O colapso da gestão anterior, a cada rombo revelado mais assustador, e o apego ao poder de quem fracassou e dos parceiros que lhes sucederam parecem o tradicional enigma da política brasileira: como apagar, sem grandes custos, os rastros da roubalheira geral.

Há uma fórmula cínica, com muito sucesso, considerada mágica: se todos estão envolvidos, a solução é um acordão geral. Aí, todos são nivelados. As histórias são misturadas. Por mais graves que pareçam, elas precisam ser diferenciadas. Por exemplo, os governos Itamar Franco e Michel Temer têm inegáveis características semelhantes.  Antes de falar delas, é preciso registrar uma diferença fundamental: por sua história antes, durante e depois da Presidência da República, Itamar nada teve a ver com as falcatruas de Fernando Collor.

Contextos à parte, qual é a real na política brasileira? Ninguém sabe o alcance da Lava Jato. Só há uma certeza, com as delações premiadas de quem está confessando, a casa cai. Aliás, pelo roteiro acertado, já caiu. Alguns colegas me dizem estão prometendo mais do que estão entregando. Pelo que ouço aqui e ali, o sistema político brasileiro acabou. A hora é de refazer a partir dos escombros. O problema é que as elites políticas de todos os quadrantes, em uma tentativa de sobrevivência, querem acabar com as investigações.

Na narrativa dos caciques políticos o problema não é a corrupção generalizada. Mas, sim, as investigações. Querem mudar as regras para dificultar as apurações. Eles só não entenderam que as ruas não aceitam mais isso.

 

 

 

 

 

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