O presidente Jair Bolsonaro, por enquanto, continua sendo a única novidade no restrito grupo de poder de Brasília, diante do favoritismo do MDB de Renan Calheiros vencer a disputa para o comando do Senado e o DEM de Rodrigo Maia conseguir mais um mandato na presidência da Câmara.
E o que isso significa? Que Bolsonaro tem chances de sair das eleições pelo comando do Legislativo com uma vitória parcial, o que não é um bom prenúncio para um governo em começo de mandato.
Daí a desconfiança manifestada por investidores estrangeiros, mostrada pelo Estado de S.Paulo nesta terça-feira (22), em relação à capacidade política do governo Bolsonaro de aprovar no Congresso Nacional a reforma da Previdência, vital para que o conhecido “Posto Ipiranga” do presidente da República tenha êxito na sua missão de reativar a economia brasileira, tendo em vista a situação de mais de 10 milhões de brasileiros que seguem no desemprego e o risco de falência do país.
Para completar, a imagem do Brasil no exterior não anda nada boa por conta do alinhamento automático do novo governo ao controverso presidente Donald Trump, embora o avanço da extrema direita tenha sido registrado em grande parte do mundo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pode medir de perto esse sentimento na França, de onde anunciou que será oposição ao governo Bolsonaro.
Na Alemanha, representantes do partido de Angela Merkel admitem que tem muita gente no país achando que o Brasil vive uma ditadura desde o último dia 1º de janeiro.
Esse cenário dá a noção exata do desafio que o presidente Bolsonaro tem hoje pela frente ao abrir o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, para convencer a Europa e o mundo de que o Brasil segue numa democracia e que a condução da sua economia não terá viés ideológico.
Tudo isso em meio às suspeitas que envolvem o senador eleito Flávio Bolsonaro, embaçando o céu de brigadeiro que a família Bolsonaro vinha mantendo na sua relação, sobretudo, virtual com os eleitores e apoiadores do presidente.
Um tema que merece ser investigado, até para dar credibilidade à promessa de que nenhum crime seria mais acobertado pelo novo governo, alimentando uma pauta negativa para o Executivo e também a guerra entre o clã Bolsonaro e setores da imprensa, com exageros de parte a parte.
A hora é de baixar um pouco a guarda e tentar salvar o Brasil do caos em que se encontra e reflete no dia-a-dia dos brasileiros, que vivem hoje com medo do desemprego e da violência, sem poder contar com serviços públicos decentes de saúde e educação.
Todos nós temos responsabilidade, de alguma forma, pelo que estamos vivendo. E não adianta dizer que não foi uma escolha sua. Foi uma escolha do regime democrático, onde a vontade da maioria prevalece sobre o da minoria ou minorias.
Qualquer outro caminho, chama-se ditadura.
Dentro dos regimes democráticos, a oposição tem espaço garantido. E deve se posicionar contra o que não for bom para o país ou estiver rumando para o lado errado.
Está na hora de pensarmos no Brasil!