Como já cantava há quatro décadas Renato Russo, do Legião Urbana: Que país é esse? A música continua atual diante dos absurdos em série que nós, brasileiros, assistimos quase incrédulos nos noticiários da TV, jornais e internet.
É um país em que os cidadãos comuns precisam apresentar atestado de bom antecedente para assumir um cargo no serviço público. Mas a regra não vale para algumas autoridades. Juiz condenado é punido com aposentadoria. E parlamentar pode seguir legislando, mesmo tendo sido condenado e esteja cumprindo pena.
Nessa Pátria, mãe gentil, os privilégios não param por aí.
Com o aval da Justiça do Distrito Federal, o senador Acir Gurgacz (RO), que cumpre 4 anos e 6 meses de prisão em regime aberto por crimes contra o sistema financeiro, recebeu autorização para tirar férias em um resort em Aruba, no Caribe, onde a diária custa R$ 4 mil e tem acesso a um cassino.
Mas, creiam, que por um motivo mais do que justo: comemorar seus 35 anos de casamento.
Gurgacz ainda argumentou à Justiça que a viagem ocorreria durante o recesso parlamentar e seria paga com recursos próprios, “sem nenhum prejuízo aos cofres públicos”.
O teatro dos absurdos acabou interrompido pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que revogou a autorização para o senador tirar férias da prisão.
Imagina se a moda pega?
Quase que simultaneamente à decisão do ministro Alexandre Moraes, o Senado aprovava em votação simbólica o destaque ao pacote de medidas anti-corrupção, que prevê pena de prisão para juízes e procuradores por abuso de autoridade. Para muitos, um golpe contra a Lava Jato.