O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ficou sozinho na defesa do projeto de lei que estabelece novas condições de refinanciamento das dívidas dos Estados, atribuição que até aqui era da área política do Planalto.
O relator do projeto, deputado Espiridião Amin, faz resistências ao projeto original do Executivo, embora seu partido faça parte da base de sustentação do governo.
O Planalto atribuiu parte do descontentamento de Espiridião ao fato de não ter sido convidado a participar da reunião desta segunda-feira entre os líderes da Câmara Federal com o presidente Michel Temer. Além de Henrique Meirelles, os ministros Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo também participaram do encontro que definiu a estratégia de votação do projeto de lei.
As negociações para a aprovação de medidas da área econômica no Congresso são atribuição de Geddel Vieira Lima e de Eliseu Padilha, conforme combinado com Temer.
Henrique Meirelles sempre ficou fora deste embate político, mas acabou tendo que fazer a defesa das linhas gerais do acordo de negociação das dívidas com os governadores para evitar modificações de Espiridião Amin que possam criar um problema fiscal ainda maior do que o atual para União.
Meirelles teve uma longa conversa com Eliseu Padilha sobre o ambiente político no Congresso para a aprovação deste projeto e o Projeto de Emenda a Constituição (PEC) dos gastos públicos na presença do Ministro das Relações Exteriores, José Serra. Os três fizeram viagem de ida e volta no mesmo vôo da FAB de Brasília e São Paulo, onde foram participar de um evento da revista Época.
Eliseu Padilha disse a Meirelles e Serra que o governo tem uma folga 2/3 dos votos para seus projetos na Câmara Federal. Mas, ainda assim, Meirelles teve que defender o projeto de lei sozinho.