Covid-19 – Luz no final do Túnel?

Sendo otimista, em outubro pode se chegar à faixa de de 300 óbitos/dia, que é muito mas se assemelha ao numero de mortes mensais no ano passado por pneumonia ou AVC +infarto. Não sei se podemos chamar esses números de normais, mas infelizmente são comuns!

Com o fechamento do mês de agosto, com 121.300 óbitos acumulados (muito triste!), podemos confirmar e constatar que o famoso Platô (que na verdade é um somatório de 27 estados) afinal está na descida.

Com qualquer critério que seja analisada, a curva é para baixo.

Como tenho feito em outros artigos, vou usar aqui números arredondados e conceitos matemáticos simples para não cansar o leitor.

Vejam abaixo o número de óbitos mês-a-mês desde abril e o percentual de acréscimo ou decréscimo em relação ao mês anterior

abril        5.700

maio     24.000   +320%

junho    30.200   + 26%

julho     33.000    +9,3%

agosto  29.000  – 12,1%

Claramente a redução é sensível. Olhando as duas quinzenas de Agosto, tivemos 15.000 óbitos na primeira e 13.000 na segunda quinzena (a diferença para os 29.000 é porque usei apenas 30 dias de agosto). Isso significa – 13,5% de uma quinzena para outra.

E setembro? E outubro?

Podemos fazer essa estimativa de diversas maneiras:

Uma delas é simplesmente considerar uma redução de 13,5% nas duas quinzenas de setembro, resultando em 11.300 óbitos na primeira quinzena e 9.800 na segunda, em um total de 21.100 para setembro.

Mas nesse caso não consideramos que esse percentual de redução está caindo. Então, melhorando um pouco o cálculo, podemos estimar que a redução será maior que 13,5%, por exemplo 15% e 17% para as duas quinzenas de setembro, resultando respectivamente em 11.050 e 9.200 totalizando 20.250 para setembro.

Uma outra forma de fazer a estimativa é refazer o que escrevi aqui mesmo, em 15/08, onde minha projeção para os 17 dias para finalizar o mês de agosto seria de mais 16.400 óbitos, baseado na quantidade de casos “Em acompanhamento” multiplicado pela taxa de letalidade naquele momento. O que aconteceu foi menor, igual a pouco mais de 14.000, tomando 19 dias e não 17. Significa que a redução estava com uma velocidade um pouco maior do que eu estimei.

Refazendo as contas e ajustando para esse mês, em 02/09 (hoje) temos em setembro 1.200 óbitos, 662.680 casos em acompanhamento e uma taxa de letalidade em 2%, resultando em +13.000 óbitos para os próximos  18 dias, ou seja 14.200 (1.200 + 13.000) no dia 20/9 (2/3 do mês). Mantida a proporção, chegamos ao final de setembro com 21.300 óbitos (redução de 26,5% em relação a agosto).

Vemos que mesmo variando o método, o resultado é muito parecido, o que implica terminar setembro com pouco mais de 140.000 óbitos, significando algo próximo de 700 mortes por milhão (índice de mortalidade).

Para que esse número seja menor em setembro, é necessário que a redução na segunda quinzena seja acelerada, porque com os números dos casos “Em acompanhamento” divulgados pelo MS, a primeira quinzena já tem milhares de óbitos “contratados” e com desfecho, mas que simplesmente ainda não entraram nas estatísticas.

Sendo otimista, outubro pode ter perto da metade (11.000) dos óbitos de setembro e já chegando a faixa de 300 óbitos/dia, que é muito, mas se assemelha com o número de mortes mensais de janeiro a agosto no ano passado por pneumonia (12.000/mês), Septicemia (9.000/mês), ou AVC + Infarto (12.000/mês). Não sei se podemos chamar esses números de normais, mas infelizmente são comuns!

Outra maneira de olhar, é acompanhar o movimento pelos estados, como pode ser visto no excelentes gráficos que @Mauricio Garcia publica no linkedin e que anexei lá embaixo.

O número que aparece em cada quadro, é o índice de mortalidade e nota-se um comportamento bastante regular, mostrando que, para que a queda seja acelerada, esse número deve ultrapassar 500.

Qual a lógica desse número? Ninguém sabe, (por enquanto), mas parece ter relação com a densidade populacional, com a proporção da população nas grandes cidades e bairros (maior mortalidade) e no interior (menor) e com alguma imunidade anterior por vacinas ou doenças diversas.

MS, TO, MT, GO e DF ainda não começaram a descer mais aceleradamente, mas está próximo. (DF tem comportamento de cidade e não de estado, tendo uma densidade populacional maior, por isso o pico é mais alto).

MG, BA, RS, SC e PR surpreendem fazendo a curva antes da mortalidade atingir 400. Esses 5 estados podem fazer a média Brasil descer bastante se esse comportamento for mantido.

Os outros 17 estados já estão bastante próximos de chegar na planície. Acredito que esses todos cheguem aí em setembro.

Os grandes números mostram que o Brasil está com 580 mortes por milhão e que os estados próximos da planície passam de 750.

Então outra projeção que poderia ser feita é a de que chegaríamos na planície no final de outubro com cerca de 150.000 óbitos (triste realidade!), mas já mais próximos da tão aguardada vacina (s).

Mas não dá pra relaxar! Todos os números aqui apresentados são projeções baseadas no comportamento atual. Se mudar, tudo pode piorar! E o vírus continua circulando.

Observação: Repito aqui o comentário que fiz no último artigo. Se a Globo não mudar seu critério para as cores de apresentação dos resultados, quando todo o país estiver na planície, o mapa colorido do Brasil estará todo amarelo e não azul como todos esperariam, já que na planície, ninguém fica descendo 15% comparado com 15 dias antes.

Uma ressalva que sempre faço, é que todos esses números referentes a óbitos têm um “delay” de cerca de duas semanas e é por isso que as enfermarias e UTI’s começam a esvaziar em cada cidade na descida e as estatísticas só percebem isso duas semanas depois.

Enfim, cuidem-se!

— Paulo Milet. Formado em Matemática pela UnB e pós graduado em adm pública pela FGV RJ – Consultor e empresário nas áreas de Tecnologia, Gestão e EaD (www.eschola.com).

 

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