Com o fim do isolamento domiciliar, torna-se real a máxima “a volta dos que não foram”

O passageiros embarcam no jato para a "viagem" em Taiwan - Reprodução do Youtube

É grande a expectativa sobre como será o mundo após os rigores do confinamento residencial imposto às pessoas para evitar o contágio da Covid-19. O fim do tal lock-down. É um tema super atual, o comportamento geral da chamada sociedade planetária.

Dia desses, vi nas telas do infinito mundo da Internet algo impensável: em Taiwan, capital de Taipé, uma companhia aérea resolveu oferecer aos apaixonados pelas viagens, “viagens” em aviões que não decolam. Isso mesmo, os fake flights. Algo tão surpreendente que, a princípio, imaginei ser mais uma das tantas fake news muito em moda nos tempos atuais, as tais falsas notícias.

Na verdade, uma ideia digamos no mínimo curiosa.

Sabedor da avidez de milhares de indivíduos por novos ares e em reaver a liberdade de ir e vir, o pessoal de marketing de uma empresa de aérea pôs em prática um programa para devolver ao mercado a chance de passeios a baixo custo. Une a satisfação do grande público com a necessidade da companhia de voltar a faturar depois de meses com aeronaves paradas no estacionamento dos aeroportos.

O check-in no balcão do aeroporto
A polícia e o cão farejador checam a bagagem dos passageiros
A aeromoça recebe os passageiros na porta do avião
Uma foto durante o “vôo”
O desembarque após a feliz viagem

E o primeiro desses vôos teve como ponto de partida o aeroporto de Songshan.

Os “viajantes”, com passagens compradas previamente pela Internet, escolhem se fazem o check-in antecipadamente ou se vão ao balcão de atendimento. Em seguida, despacham a bagagem. Despedem-se dos parentes que vão vê-los partir. Evidentemente, a emoção vem à tona e lágrimas derramam-se em face da hora do adeus nas despedidas. Seguem para o embarque, passam pelo setor de imigração e apresentam sua documentação. Caminham mais alguns metros e são recebidos pelos comissários de bordo à porta da aeronave. Instalam-se nos assentos que lhe cabem e apertam os cintos.

Sentem-se vencedores, sortudos. Afinal, conseguiram confirmar a reserva, numa lista de espera que agora chega a sete mil.

O jato aciona os motores e “decola”. Sem sair do lugar, é claro. O serviço de atendimento durante o “vôo” é cumprido à risca, com com direito a refeição e conexão de wi-fi para tablets e celulares. Despesas já incluídas no preço da passagem. Para dar clima de realidade à viagem, guindastes dão banho de espuma nas janelas do avião, a simular as nuvens vencidas no trajeto. Minutos depois, a hora do “pouso” e do desembarque, com as turbinas já desligadas. Satisfeitos com o conforto e beleza do passeio, os turistas fazem o caminho de volta. Os passageiros que desejarem, podem passar pelas lojinhas do freeshop para comprinhas, lembranças, presentes etc. Outros preferem recolher logo as malas para receber as boas vindas daqueles que foram aguardá-los no aeroporto. Por fim, voltam para casa felizes, com a sensação de terem recuperado o ritmo normal da vida. É o tal novo real.

Ou melhor, a popular e conhecida volta dos que não foram. Não é?

Orlando Brito

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