A presidente afastada Dilma Rousseff não se emenda. Parece não ter aprendido a lição com o estrago que fez ao mudar suas versões sobre a escandalosa compra da refinaria Pasadena, no Texas. A última delas, a de que não teve acesso a todas informações sobre o negócio, deixou o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró em maus lençóis e deu gás para a Operação Lava Jato, então incipiente.
Como se sabe, Cerveró deu o troco. Dilma se complica de novo ao tentar tirar o corpo fora da denúncia de que dinheiro desviado da Petrobras ajudou a bancar suas campanhas eleitorais. Primeiro, ela se alinhou ao discurso oficial do PT de que não houve Caixa 2. Na semana passada, o marqueteiro João Santana confirmou que recebeu na Suíça US$ 4,5 milhões do lobista Zwi Skornichi, dinheiro de propina por negócios na Petrobras, como pagamento de dívidas atrasadas da campanha presidencial de 2010.
Dilma, então, deixou de negar a existência de dinheiro em sujo em suas contas eleitorais. Nessa nova versão, ela simplesmente disse que não sabia. Alguém deve ter lhe dito que o crime eleitoral estaria prescrito, mas não o de corrupção. Nessa quarta-feira (27), em uma entrevista a uma rádio de Uberlândia, Dilma apresentou uma nova versão: como os pagamentos só ocorreram em 2013, três anos depois das eleições, o problema não é mais dela, mas exclusivamente de João Santana, de João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT preso em Curitiba, e do próprio partido.
A direção do PT tem feito de tripas coração para não deixar transparecer que abandonou Vaccari. A todas as acusações, responde sempre que só recebeu dinheiro limpo, legal. Dilma vinha mais ou menos na mesma toada. Agora, ela tenta se desvencilhar do ex-tesoureiro e do próprio partido. Pelo que se comenta nos bastidores da Lava Jato, parentes de Vaccari o pressionam para fazer delação premiada. Um dos trunfos de Vaccari é justamente o financiamento de campanhas. Dilma pode ter dado um tiro no pé.