Um dos fatos mais marcantes do Brasil no ano de 1980 foi a visita do Papa João Paulo II. Cumpria a palavra de viajar ao país com maior número de católicos no mundo. O cardeal Karol Wojtyla desembarcou em Brasília pouco depois do meio dia de 30 de junho, recebido pelo presidente João Figueiredo, o quinto general a governar o País desde o golpe militar de 1964.
Em 12 dias, o João Paulo II esteve em 13 cidades, cobrindo um percurso de mais de 30 mil quilômetros. Primeiro, Brasília. Depois, Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza, Aparecida, Curitiba, Salvador, Belém, Recife, Porto Alegre, Teresina e Manaus, em 12 de julho. Em todos os lugares causou emoção nas milhares, aliás, milhões, de pessoas que foram vê-lo.
As missas, sua passagem a bordo do papapamóvel acenando para a multidão e, sobretudo, suas homilias são até hoje lembradas como exemplo de boa vontade. Falava de liberdade e direitos humanos. Da defesa dos pobres, das terras do índios. Da defesa do meio-ambiente e contra todos os preconceitos. Nessa época, eu era fotógrafo dO Globo e fui escalado para acompanhar Sua Santidade em todas as cidades.
Foi uma viagem reamente ponteada pela emoção do primeiro ao último minuto. Logo ao desembarcar, supreendeu a todos. Assim que desceu do último degrau da escada do avião, ajoelhou-se e beijou o solo da Capital do Brasil. Inaugurava um gesto que repetiu em praticamente todas as viagens que fez ao longo de seu pontificado por vários países.