Com a Lei da Anistia sancionada em agosto 1979, personagens que tiveram os direitos políticos cassados pela Revolução puderam retornar ao País. Um desses foi Miguel Arraes, deposto do cargo de governador de Pernambuco em 1964.
Arraes foi preso. Primeiramente em uma cela do IV Exército, em Recife. Depois, confinado por onze meses na ilha de Fernando de Noronha e, ainda, na Fortaleza de Santa Cruz, no Rio. Amparado por um habeas-corpus do Supremo, conseguiu asilo na Argélia. Acusado de subversão à ordem política, foi condenado à revelia pela Justiça Militar pernambucana.
Sua volta ao Brasil foi uma festa, ovacionado por uma multidão de 50 mil pessoas. Ao retomar a vida pública, elegeu-se duas vezes deputado federal e governador. Arraes faleceu em 2005, aos 89 anos. No Palácio das Princesas, que ele ocupou em três ocasiões, também esteve seu neto Eduardo Campos, falecido em 2014, num acidente aéreo em Santos, durante a campanha para presidente da República. E agora, sua neta Marília, é deputada federal.
O apartamento do doutor Ulysses Guimarães em Brasília era endereço certo para os retornados do exílio e de jornalistas para entrevistá-los. Foi lá que fiz essa foto de Miguel Arraes observando da janela os novos tempos da política e as luzes da democracia que também voltava ao Brasil, deixando para trás os anos de chumbo.
Orlando Brito