“Filhos, filhos. Melhor não tê-los”, velho axioma (dito e repetido com erro de português), é especialmente válido para presidentes da República no Brasil. Neste caso está a rumorosa demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, na manhã desta sexta-feira.
Para proteger seus três filhos – Flávio, Carlos e Eduardo –, o presidente Jair Bolsonaro demitiu intempestivamente os titulares de seu sistema de segurança, abrindo a maior crise de seu governo, devido às brechas legais que podem levar a desdobramentos de alta periculosidade, tais como configuração de crime de responsabilidade.
Com isto, Bolsonaro equipara-se a Getúlio Vargas que, em 1954, viu-se emparedado pela ameaça de indiciamento de seu filho Lutero Vargas num crime de morte, no atentado contra o major Rubens Vaz. No final, Vargas suicidou-se, interrompendo o inquérito que ameaçava seu filho, deputado federal pelo PTB do Distrito Federal.
Também os filhos do presidente Bolsonaro são legisladores, os três ameaçados por investigações da Polícia Federal. O filho do falecido presidente Vargas estava sob suspeita num inquérito policial-militar (IPM), pela chamada Republica do Galeão, conduzido pela Aeronáutica. Só essa diferença, pois tanto um quanto outro presidente, Bolsonaro e Vargas, não estão diretamente envolvidos nas suspeitas das acusações.