São lamentáveis as trocas de insultos entre o presidente da República, capitão Jair Bolsonaro, e o governador de São Paulo, Dr. João Dória. Assolada por pandemia que obrigou o Poder Legislativo a decretar estado de calamidade pública, a Nação tem o direito de esperar de ambos, e de governadores de Estados, conduta à altura da gravidade do momento.
Do presidente Jair Bolsonaro – com o respeito devido à pessoa e ao cargo – temos observado comportamento avesso ao protocolo a que deve se submeter ocupante da cadeira presidencial. Getúlio Vargas, durante o longo período em que habitou o Palácio do Catete, conduzia-se com impecável elegância. Poderia ser duro e inflexível em certas ocasiões. Jamais, entretanto, perdeu a classe e o respeito ao povo. Jânio Quadros, desde a época de vereador, exibia algumas excentricidades. Nos debates com adversários, como Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, nunca, porém, abandonou a compostura, Nutria horror à intimidades.
João Goulart caiu por não saber conservar prudente distância com dirigentes sindicais. Era, todavia, bem educado. Entre a renúncia e a guerra civil, optou pelo exílio no Uruguai. Ulisses Guimarães jamais foi visto em mangas de camisa. José Sarney, acossado milhares de greves e violenta oposição do PT e do PSDB, jamais perdeu a calma. O jaquetão escuro e a elegante gravata eram marcas registradas.
Dr. João Dória é culto e educado. Procede de famílias tradicionais. Governar o Estado mais desenvolvido do País lhe impõe conduta morigerada. Divergências em torno da melhor maneira de combater o coronavírus, não explicam manifestações dominadas pelo mau humor e falta de urbanidade. A quarentena deve ser vertical ou horizontal? O comércio permanecerá fechado? Como salvar o que resta da economia? São questões relevantes, mas não justificam que se abaixe o nível do debate.
O coronavírus continua ativo. Até agora, ignoramos como derrotá-lo. O combate à tragédia humanitária exige vigor, empenho e unidade. A humildade do Papa Francisco, e a dedicação do Ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, são, neste período de incertezas e sofrimento, exemplos que devemos louvar e, se possível, imitar.