A avaliação generalizada no meio politico — tanto de aliados do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como de seus adversários — é que se chegar ao plenário a votação da cassação do ex-presidente da Câmara ele será cassado.
Se é inevitável a sua cassação, por que Eduardo Cunha tanto quer adiá-la? O que ele ganha com isso?
É que um dos argumentos jurídicos mais sólidos que ele tem para tirar de Sérgio Moro o processo contra sua mulher, Claudia Cruz, e a filha mais velha, Danielle, é o de que o caso delas tem tudo a ver com o seu processo e ele, como parlamentar, deve ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Eduardo Cunha precisa, portanto, de tempo para tentar transferir o processo contra sua mulher e a filha. Daí por que faz tantas manobras para adiar sua inevitável cassação.
Mais. Os advogados de Eduardo Cunha sonham em, depois, se ele for cassado, levar todo o processo de volta para a primeira instância, só que no Rio de Janeiro.
Essa segunda parte não é fácil. Já houve casos de políticos que obtiveram sucesso neste tipo de manobra protelatória, mas também houve casos em que o STF recusou. De qualquer maneira, se conseguir tirar de Moro o processo contra sua mulher e sua filha, Cunha já se dá por satisfeito. Com o caso no Paraná, é grande a chance de Sérgio Moro decretar a prisão das duas.
E por que Cunha conta com o apoio explícito ou silencioso de tantas figuras carimbadas da política às suas manobras de protelação?
Porque se as duas forem para a cadeia, será grande a chance de Eduardo Cunha se vir obrigado a uma delação premiada. E aí o mundo cai para muita gente.
Por isso é bom ficarmos atentos às movimentações do Congresso nesta semana. Se Cunha conseguir que a votação de sua cassação chegue ao plenário, fica tudo para depois do recesso. E para um segundo semestre entrecortado pelas Olimpíadas e pelas eleições municipais…
Terá conseguido, talvez, o tempo de que precisa. E de que seus aliados de hoje e do passado também precisam…