Morto neste fim de semana pela Polícia no sítio de um vereador do PSL da Bahia, o ex-PM e chefe do Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega, havia dito semana passada a seu advogado que, se fosse encontrado, seria executado como queima de arquivo. O que todo mundo se pergunta hoje — inclusive nas altas esferas do poder em Brasília — é o que haverá nesse arquivo e se seu conteúdo não será acessado de outra forma.
A principal acusação contra Adriano era a de chefiar a milícia e diversas de suas ações criminosas investigados na Operação Intocáveis, e não exatamente a possível participação no assassinato da vereadora Marielle Franco ou o envolvimento no esquema das “rachadinhas” no gabinete do ex-deputado e hoje senador Flavio Bolsonaro. Sua morte, porém, volta a colocar tudo isso sob os holofotes — o que pode ser uma má notícia para a família Bolsonaro.
Adriano morreu, mas foram encontrados 13 celulares com ele, e os rastros seguidos pela Polícia Civil do Rio, com a ajuda da Polícia baiana, estão aí. Adriano tinha mãe e ex-mulher — aliás, ex-empregadas do gabinete de Flávio —, companheiros milicianos, contas bancárias que abasteceram as contas de Fabrício Queiroz e um sem-número de pontas soltas nessa história mal contada. Tudo vai depender da disposição dos investigadores.
Para qualquer presidente da República, é no mínimo um grande constrangimento ter pedido homenagens e ter condecorado, em vida, um miliciano com a ficha corrida de Adriano da Nóbrega, agora morto em tais circunstâncias. O silêncio do Palácio do Planalto neste momento tem enorme eloquência. O arquivo morto ainda pode assombrar a família Bolsonaro.