ANA LUIZA VINHOTE, DA AGÊNCIA BRASÍLIA
Ponte Costa e Silva, Ponte das Garças, Ponte JK. Pelas pontes que atravessam o Lago Paranoá – e que ligam o Plano Piloto ao Lago Sul –, trafegam cerca de 155 mil motoristas todos os dias, segundo dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Nem sempre foi assim, porém. A primeira dessas travessias – no caso, a Costa e Silva –, por exemplo, só começou a sair do papel 13 anos após a inauguração de Brasília.
Projetada ainda em 1967 pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a Ponte Costa e Silva foi concebida em 1973, mas só foi inaugurada após três anos de trabalho, em 1976. Professor do Departamento de Tecnologia em Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB), José Manoel Sánchez, lembra que, para acelerar o processo de ligar as duas regiões, a Ponte das Garças teve que ser construída às pressas, em 1974.
“A estrutura da Ponte das Garças tem uma arquitetura simples, em linha reta. Foi feita por engenheiros da Novacap [Companhia Urbanizadora da Nova Capital] e dá acesso à Península dos Ministros”, explica Sánchez. Seu nome original é Presidente Médici, em homenagem a Emílio Garrastazu Médici, presidente da República no período entre 1969 e 1974. Com extensão de 300 metros de comprimento e 18 metros de largura, a estrutura é de concreto e aço e possui quatro pistas de rolamento.
Finalmente, em 1976, a Ponte Costa e Silva foi inaugurada. Planejada para promover uma ligação rápida entre as regiões que margeiam o lago – Avenida das Nações à Península Sul –, o nome da travessia também é uma homenagem a outro ex-presidente do Brasil, o militar Artur da Costa Silva, que governou o Brasil de 1967 a 1969. Segundo o arquiteto Roger Pamponet, Niemeyer destacou que a estrutura deveria pousar na superfície sem que nenhum bloco de fundação ficasse à vista.
Nas palavras de Niemeyer, a ponte deveria “apenas pousar na superfície como uma andorinha tocando a água”. À época, o arquiteto ainda destacou que a travessia serviria à zona habitacional da Península Sul. “Adaptando-se pela sua leveza e arrojo à arquitetura de Brasília”, ressaltou um dos mais importantes arquitetos do século XX.
Sánchez e Pomponet relembram que, no início, a Costa e Silva foi batizada de Ponte Monumental. “Por ser considerada exemplo do conhecimento estrutural adquirido ao longo dos anos pelo arquiteto, com estudos e projetos em concreto armado, onde o que se buscava, além da lógica estática, era a leveza e esbeltez de uma estrutura utilizando um material de construção tão visualmente pesado como o concreto armado”, explicam os arquitetos no artigo A Razão da Leveza da Ponte de Niemeyer em Brasília.
Premiada
Inaugurada em 2002, a Ponte Juscelino Kubitschek – conhecida como Ponte JK ou, popularmente, como Terceira Ponte – foi projetada pelo arquiteto carioca Alexandre Chan. Feita de aço, a travessia possui uma extensão de 1,2 mil metros de comprimento e 24 metros de largura e liga o Plano Piloto ao Lago Sul, Paranoá e São Sebastião. A estrutura é composta de três faixas de rolamento em cada sentido da via e três arcos de quase 40 metros de altura, além de duas passarelas laterais para ciclistas e pedestres, com 1,5 metro.
Para José Manoel Sánchez, o artista buscou leveza na construção da obra. “Principalmente pela escolha do material [aço], comparado ao concreto. Mas se fizermos uma comparação com a ponte de Niemeyer [a Costa e Silva], ainda sim a de Oscar se mostra leve”, disse.
Cartão-postal da cidade, a ponte ganhou a medalha Gustav Lindenthal durante a 20ª Conferência Internacional sobre Pontes, na cidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, em 2003. Foram avaliadas a qualidade estética e a harmonização ambiental da estrutura.