Jair Bolsonaro é um sujeito do contra quando se trata de imprensa. Assim como seus antecessores, sem exceção, está descontente com a cobertura do governo. Diferentemente da maioria deles, reage atirando impropérios, destratando jornalistas e fazendo um jogo de “fake news” às avessas, tentando tornar falsas notícias que são publicadas. Nessa brincadeira, basta alguém dizer que um ministro vai cair para que o presidente resolva fortalecê-lo no cargo, fazer-lhe elogios, dar-lhe honrarias.
É por aí que, pensando no bem do país, acho que nós, jornalistas, deveríamos procurar qualidades em determinados personagens e nos debruçar sobre seus acertos — por mais difícil que seja. Podemos, por exemplo, destacar os predicados e a adequação ao cargo do ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Que tal começarmos a escrever que estamos muito bem “imprecionados” com o seu domínio da língua portuguesa? Bolsonaro vai ficar com a pulga atrás da orelha…
Poderíamos também, com boa vontade, enxergar no ministro da Educação qualidades como a bondade e a vontade de servir aos estudantes brasileiros, sobretudo àqueles desesperados que fizeram o Enem e receberam a nota errada. Afinal, neste domingo ficamos sabendo do gesto de Weintraub, que mandou fazer nova análise na prova de uma candidata que é filha de um de seus apoiadores no Twitter.
E o resto? Por favor, esqueçam a palavra republicano. Os outros estudantes estão aguardando resposta do MEC, recurso na Justiça e o escambau. Muito justo. Quem mandou não serem filhos de amigos do ministro no Twitter?
E o que dirá o presidente da República quando a imprensa, finalmente, reconhecer as qualidades de seu ministro da Educação? Irá demiti-lo, muito provavelmente.
E quem disse que esse jogo não pode funcionar também no sentido inverso? Talvez a melhor forma de os amigos do ministro Sergio Moro na mídia conseguirem mantê-lo no cargo até perto das eleições de 2022 seja começar a falar mal dele…