O turismo do “Não pode!”

Túnel do Tempo, no Senado

Mesmo sendo período de recesso parlamentar, nessa terça-feira resolvi dar um giro pelo Congresso para ver se encontrava um ou outro senador, deputado ou colega jornalsita que, porventura, estivesse interessado, como eu, em atualizar algum assunto da política. Pendurei minha poderosa credencial do pescoço e la fui eu. Zero, não encontrei ninguém conhecido.

Ao passar pelo Salão Verde da Câmara, lugar tão movimentado e concorrido em dias de trabalho, encontrei um jovem casal de visitantes. Vinham do interior, optaram pelo turismo civico. Deixaram de passar a virada do ano no Rio para economizar e vir conhecer Brasília, o cenário do Poder, onde se administra o País e fazem-se as lei que vão regrar a vida dos cidadãos.

Pediram que eu fizesse deles uma foto ao lado da estátua de Ulysses Guimarães posta à entrada do Plenário da Câmara. Ficaram encantados com a Câmara dos Deputados. Até se integraram a um grupo de turistas e ouviram da guia explicações sobre a importância do Parlamento. Depois de fazer um clic do casal, disse-lhes que deveriam ir conhecer também o Senado, a poucos metros dali. Imaginei que gostariam de ver o famoso Túnel do Tempo, onde estão imagens de outros grandes vultos da República.

O jovem casal de turistas faz pose na estátua de Ulysses Guimarães

Ficaram exultantes e se dirigiram para o tal Salão Azul. A maior decepção. O moço da segurança não permitiu o acesso de ambos com um sonoro “não pode”. Indaguei a razão da negativa.  E a resposta foi simples, curta e a mesma: – Porque não pode!

Argumentei, explicando que eram turistas, vieram do interior do Paraná, deixaram de ir a outras cidades para conhecer a chamada “Casa do Povo” e a finalidade era somente fazer uma selfie no lugar que aparece na tevê no dia-a-dia do noticiário. Eu nem disse que o ideal é que fossem também ao plenário do Senado, ambiente onde ficam os representantes do povo, eleitos com o voto de gente como o humilde casal.

Não adiantou. Prevaleceu o “não pode” do vigilante. Despedí-me do casal. Tinham de tomar o ônibus de volta para sua cidade. Agradeceram minha inútil e ineficaz intereferência e se foram. Com certeza, eles que vieram de longe, viajaram de volta frustrados e imaginando as razões de não poderem conhecer um lugar que deveria ser franqueado a qualquer cidadão.

Fui, então, até o tal Túnel do Tempo. Deserto, sem alma viva a transitar por ali. Foi lá que fiz essa foto aí, das estátuas solitárias uma olhando para outra e protegidas do “perigo” que o jovem casal de turistas podia oferecer a tão democrático recinto.

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