Após o encontro da noite de domingo, dia 26, entre o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente da República em exercício, Michel Temer, no Palácio do Jaburu, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) consolidou-se como o favorito na eleição para substituir Cunha até fevereiro de 2017.
Mas a política, como a vida, dá voltas.
Na quarta-feira, 29, foi divulgado que um técnico de informática de Brasília prestou depoimento afirmando ter editado videos do delator da Operação Caixa de Pandora, Durval Barbosa, em que apraciam o deputado recebendo propina. A Operação Caixa de pandora resultou na prisão do então governador, José Roberto Arruda, renúncia do vice, Paulo Otávio, e posse do então deputado distrital Rogério Rosso como governador por eleição indireta na Câmara Distrital, em que obteve 13 votos.
Rosso, então, se tornou um nome perigoso para o Palácio do Planalto apoiar para presidente da Câmara
E o acordo entre governo e Eduardo Cunha perdeu força na sexta-feira, dia 1º, quando foi revelado que o ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fabio Cleto afirmou, em delação premiada da Operação Lava Jato, que Eduardo Cunha recebia propina pelo desvio de verbas do FGTS.
Mas agora o Planalto e Cunha começam a vislumbrar uma luz no final do túnel.
Trata-se do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que disputou com André Moura (PSC-SE) o cargo de líder do governo na Câmara. Aliado de Cunha e com o apoio do maior bloco parlamentar da Câmara, o Centrão, com 12 partidos, Moura acabou ganhando a vaga.
Mas Rodrigo Maia nunca deixou de ser amigo de o presidente afastado da Câmara, tendo sido o que mais resistiu ao rompimento de seu partido com ele. Uma amizade que se consolidou quando Eduardo Cunha afastou o relator da reforma política, Marcelo Castro (PMDB-PI), e nomeou Rodrigo Maia.
Na avaliação do núcleo palaciano do governo, um acordo em torno do deputado do DEM poderá garantir o apoio do PSDB e do PPS e explicitará menos qualquer acerto que seja fechado com Eduardo Cunha. Mas, para que tenha sucesso, será preciso convencer os partidos do Centrão a apoiá-lo.
As primeiras costuras já estão sendo feitas. O argumento junto aos líderes do Centrão é o de que o bloco já tem o líder do governo, não poderia acumular também a Presidência da Câmara.
Tem chance de dar certo.