Com o presidente Jair Bolsonaro, a direita chega pela primeira vez ao poder em sua integridade. Por algum motivo, talvez o dos ares no mundo ocidental, ele não adota a tortura e a truculência do regime militar. Ele sustenta posições opostas aos milicos quanto a relações internacionais, o meio ambiente, índios e ao papel estratégico do Estado na economia.
Já está claro e definido que estamos diante de um governo de direita e que este já demonstrou a que veio.
Bolsonaro e sua equipe, com entusiasmo, detonaram a tradicional política de relações internacionais do Brasil. O país está sendo conduzido para um alinhamento aos Estados Unidos, sob a batuta de Donald Trump, e isto fica demonstrado em suas posições diante dos médicos cubanos, o confronto político na Venezuela — nesse caso, com o apoio frenético do auto proclamado Centrão —, a instabilidade política na Bolívia e a postura diante das posições de Israel. O Brasil está abrindo mão de seu papel de mediador, defensor do diálogo e de saídas negociadas.
O governo da direita está detonando as políticas ambiental e indigenista tradicionais do Brasil. Seus líderes, planejam uma nova colonização da região amazônica. Seus apoiadores, sustentam a necessidade de redução das reservas de proteção da floresta amazônica e do tamanho das dos territórios indígenas.
A política cultural está sendo detonada. A produção cultural e artística iluminista está sendo seriamente inviabilizada. A política de cotas nas Universidades e de emancipação dos negros está sob ameaça. O movimento sindical dos trabalhadores foi detonado, com o apoio dos liberais e do Centrão. Seu objetivo é fortalecer empresários nas suas relações com os trabalhadores, movimento que não tinha força para se implantar, embora o desejo, sob a batuta dos liberais e do Centrão.
Mas a aliança entre a direita, os liberais e o Centrão não se esgota aí. Não é surpresa a aprovação da redução dos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres na Previdência. Nem o aval às políticas de enfraquecimento do papel estratégico da Petrobras. Muito menos a privatização do setor elétrico e da provável redução do subsídio do preço da energia elétrica para os mais pobres.
Como se pode ver não há um muro. O que existe é um campo de batalha em que os exércitos se alinham cada um de um lado. Não há espaço para um Centrão. Num campo de batalha os exércitos precisam escolher um lado do campo. Os liberais e o Centrão já escolheram o seu.
Pelos seus movimentos, o que querem na verdade é mudar o comandante. Eles não querem Bolsonaro, querem alguém que os trate melhor quando se trata da quinquilharia fisiológica. Não se iludam, o passado de quem quer que seja é um disfarce para sua conduta presente. Nem teses encantadas escondem seus perversos objetivos.