Não é à toa que os brasileiros andam cansados de política e decepcionados com aqueles que se dedicam à área. Um dos motivos parece claro: o país vive em estado permanente de campanha.
Antes mesmo da libertação do ex-presidente Lula da cadeia, vários nomes já se movimentavam para ocupar a vaga de principal adversário do presidente Jair Bolsonaro em 2020. Os governadores de São Paulo, João Dória, e do Rio, Wilson Witzel, assim como o ex-governador do Ceará Ciro Gomes. Correndo por fora, o apresentador de TV, Luciano Huck.
Com a libertação do ex-presidente Lula da cadeia, a disputa presidencial de 2018 deve seguir para um terceiro turno. Desta vez, com o petista solto, mesmo sem condições de ser candidato por conta da Lei da Ficha Suja, certamente para fazer o que mais sabe: mobilizar as bases petistas que andavam um tanto quanto discretas, nas ruas e nas redes.
Do outro lado, o presidente Jair Bolsonaro volta a ser o principal contraponto à provável reorganização da esquerda. Posto, aliás, que lhe garantiu a vitória do segundo turno da disputa presidencial do ano passado, enquanto os candidatos de Centro morreram afogados divididos.
Entre o PT, de Lula e Fernando Haddad, 57% dos eleitores preferiram votar em Bolsonaro no segundo turno da eleição passada, mesmo não concordando com todos os seus pontos de vista.
A decisão do Supremo Tribunal Federal acabou colocando gasolina nesse cenário polarizado, que ainda não havia se cicatrizado entre os brasileiros, entre os familiares e amigos que romperam contato por divergirem de opinião.
As forças de Centro correm o risco de serem sufocadas novamente caso o avanço dos extremos prevaleça. Sem um líder carismático, capaz de unir as legendas de Centro, o país dificilmente conseguirá sair da armadilha em que se encontra.
Enquanto os brasileiros não se reconciliarem e esse estado permanente de eleição não acabar, dificilmente o Brasil conquistará a segurança que os investidores, nacionais e internacionais, precisam para voltarem a apostar no país.
A tensão permanente com que Bolsonaro governa, acaba ofuscando as conquistas garantidas na área econômica e afugentam investidores que querem voar apenas em céu de brigadeiro.
O Legislativo e o Judiciário, por sua vez, têm suas respectivas parcelas de responsabilidade neste cenário de instabilidade, na medida em que usam suas atribuições constitucionais para protegerem não apenas o interesse nacional, mas também os seus próprios.
E assim a guerra continua. Sempre com muitas vítimas e poucas soluções efetivas para aquilo que de fato mais precisamos para passar para próxima fase de crescimento: educação de qualidade, que nos prepare para um mercado de trabalho em mudança permanente daqui por diante.
Essa é a forma mais democrática para se assegurar de forma definitiva a redução da pobreza no país. O bate-boca não nos levará a lugar algum.