O ex-senador Heráclito Fortes, conhecedor das mazelas do poder, sempre diz que para alguns os políticos um fosso não tem fundo. Tem mola. Ou seja, quando caem em um buraco não ficam condenados ao obscurantismo, derrotados em definitivo. Uma força sempre os devolve para cima, para o palco dos acontecimentos. O expert Heráclito acha que em muitos casos, o ostracismo é temporário. É, pode ser.
Tal premissa se faz lógica reparando, por exemplo, nessa foto aí de cima dos ex-presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e José Mujica, do Uruguai. A imagem data de 31 de julho de 2012, quando no Palácio do Planalto – que tinha à frente do governo brasileiro a então senhora Dilma Rousseff – participaram da cerimônia de ingresso ao Mercosul da Venezuela, à época presidida por Hugo Chávez.
O tempo passou e mudou o destino de cada um. Todos deixaram o comando de seus países e ficaram, de certa forma, à margem do poder.
Hugo Chávez, acometido por um câncer fatal, faleceu em 2013. Dilma Rousseff sofreu processo de impeachment em 2016 e hoje, afastada da política, dedica seu tempo a fazer palestras e viagens pelo Brasil e ao Exterior. Já Cristina Kirchner e José Mujica mantiveram de lá para cá discreta atividade parlamentar. Mas agora, nesse mês, retornam ao topo do noticiário. Ele como senador no Uruguai e ela como vice de Alberto Fernandez, eleito nessa semana novo presidente da República da Argentina.
O tempo mudou também a configuração do Mercosul. Por não cumprir normas, acordos e tradados firmados quando da assinatura do contrato de adesão ao grupo em 2012, a Venezuela – tendo agora como presidente Nicolás Maduro no lugar de Hugo Chávez – acabou suspensa em 2016 da união comercial da qual fazem parte a Argentina, Paraguai, Uruguai e o Brasil, hoje presidido por Jair Bolsonaro.