O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está em plena guerra para emplacar o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e ex-secretário do Tesouro do governo Fernando Henrique Cardoso, Murilo Portugal, como ministro do Planejamento.
O principal entrave é o senador e ex-titular da pasta Romero Jucá (PMDB-RR), que deixou o governo após a divulgação das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que traçavam planos para abafar a Operação Lava Jato.
Ao sair, Jucá anunciou que voltaria quando o Ministério Público atestasse a sua inocência. Por isso, fazia de seu secretário-executivo, Dyogo Henrique Oliveira, o ministro interino.
O problema é que o procurador do Júlio Marcelo de Oliveira, do Tribunal de Contas da União, elaborou relatório pedindo o afastamento Dyogo Oliveira do cargo por ter assinado – quando ministro interino da Fazenda do primeiro governo de Dilma Rousseff – um dos 11 decretos que autorizaram retardar repasses do Tesouro para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Este relatório é um dos documentos técnicos que subsidiam o processo de impeachment de Dilma sob acusação de prática de pedaladas.
Jucá já está convencido de que Dyogo Oliveira terá que sair. Mas o senador, que na prática ainda atua como verdadeiro chefe do Planejamento, quer emplacar no cargo um ministro que ele depois possa substituir, num eventual retorno ao governo.
Um dos nomes que Jucá cogita é o do ex-ministro do Turismo Vinícius Lages, atual chefe de gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Meirelles tem argumentado com Michel Temer que dificilmente o Ministério Pública irá dar um atestado de honestidade ao senador antes da conclusão final do seu processo na Lava Jato, o que levará bastante tempo. E que a pasta do Planejamento deve ser ocupada por um nome de peso.
Conforme revelou Helena Chagas, durante a montagem de sua equipe o presidente da República em exercício, Michel Temer, chegou a fazer sondagens a Murilo Portugal para o cargo de ministro da Fazenda, caso o próprio Henrique Meirelles não aceitasse integrar o governo.