A troca de farpas entre os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da França, Emmanuel Macron, em meio as queimadas na Amazônia, acabou chamuscando os dois.
Expôs ao mundo a incontinência verbal do brasileiro e isolou o francês dentro do G-7, que em vez de sanções, ofereceu recursos para ajudar na contenção das queimadas, além expor o viés colonialista de Macron ao sugerir que a floresta brasileira pode ser internacionalizada.
Dos destemperos de Bolsonaro, talvez o mais constrangedor tenha sido o tratamento dispensado à primeira-dama francesa, Brigitte Macron, uma senhora de 66 anos, exposta apenas por ser mais velha que o marido. Uma diferença de idade menor do que os 27 anos que existe entre Michelle Bolsonaro e o presidente brasileiro.
Macron saiu em defesa da mulher, como era de se esperar. Mas voltou as ultrapassar da diplomacia, expondo uma mentalidade colonialista e desrespeitosa à soberania brasileira, ao sugerir a internacionalização da Amazônia diante de ameaças ambientais que possam colocar o planeta em risco.
As provocações entre os dois presidentes não só apequenam o debate sobre a Amazônia, hoje atingida por um número recorde de queimadas, como escamoteia interesses comerciais da França dentro do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
Nesse clima de confronto, o governo brasileiro sinalizou que pretende dispensar a ajuda financeira oferecida pelos países do G-7 para o combate às queimadas na Amazônia.
Perde a Amazônia, perde o Brasil.
Essa história poderia ter sido conduzida de maneira bem diferente, como bem ressaltou o general Santos Cruz, exonerado há dois meses da Secretaria de Governo da Presidência.
Para Santos Cruz, o Brasil perde a oportunidade de liderar a discussão sobre a Amazônia com os países que fazem parte da área amazônica, abrindo espaço para que o assunto seja discutido fora do país, como no G7. Valendo-se das mesmas redes sociais, tão usadas pelo presidente brasileiro, o ex-ministro sentenciou que faltou ao governo Bolsonaro “combinar ação, liderança e inteligência”.