Depois de terem eleito o presidente da República e deste estar a caminho de aprovar a reforma da Previdência, os liberais querem separar-se da criatura. Como explica a economista Elena Landau: “Era a opção para encerrar o ciclo PT”.
Mas cumprida sua meta, e sonhando com a candidatura do governador de São Paulo, a tucanada e asseclas começaram a colocar a língua de fora e o cérebro para tentar se separar da criatura.
A Landau volta a explicar: “Muitos, em total autoengano, optaram por ignorar seu passado intervencionista e embarcaram nessa fantasia”. Que bonitinho.
Eles ajudaram de forma decisiva a eleger a criatura, mas não querem ser associados ao fato de terem eleito um defensor da ditadura militar. Como se não soubessem.
Como todos sabiam sobre a criatura, os liberais agora criticam. O artigo da Landau no Estadão ilustra: “É um governo marcado pela intolerância”. Cita a tentativa de colocar em dúvida os dados do INPE e questionamentos a informações banais comprovadas pela ciência.
Peninha. Não querem assumir a responsabilidade de terem eleito um defensor do criacionismo tupiniquim – crença que rejeita a ciência, particularmente a evolução.
Outro dos temas delicados para os liberais. Quem o presidente Fernando Henrique Cardoso mandou para ser um dos comandantes da Exposição Universal ou Feira de Hannover. Importantíssimo evento comercial internacional que deveria ter como seu Comissário-geral adjunto, o filho, Paulo Henrique Cardoso, que como se sabe não era um expert de política internacional.
Isso me faz lembrar a criatura indicar o filho, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Landau critica: “A insistência em nomear o filho, sem nenhuma capacitação para o cargo, embaixador nos EUA é mais uma mostra do viés autoritário”. É mesmo?
Os liberais também questionam a timidez do programa de privatização da criatura. Dizem que ela “desidratou o programa de privatização, que se resume à venda de subsidiárias e ao avanço no campo das concessões” e que das grandes estatais só colocou na agenda Eletrobrás.
E sustenta: “o fim do monopólio da Petrobrás, imposto pelo Cade, é uma excelente notícia”. E encerra sua peroração dizendo que o liberalismo é o contraponto perfeito à tendência mundial de crescimento do populismo nacionalista.
E reclama que “esta nova forma de autoritarismo se reflete na tentativa de imposição de ideias homogêneas, sem abertura para debate e controvérsias. Mas a intolerância é o avesso do liberalismo”. Como se a mídia liberal abrisse espaço para a discussão de ideias. Ora, como se sabe na mídia escrita e televisada liberal impera o centralismo democrático. Todos são defensores do liberalismo.