O fato que mais se destacou na acachapante votação do texto-base da reforma da Previdência, com 379 votos, foi a força do chamado Centrão na Câmara. Não por acaso, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, abraçou o Centrão em seu discurso de quase-candidato-a-presidente-da-República na vitória, criticando a imprensa pelo tom pejorativo que dá ao grupo e atribuindo a ele a aprovação da reforma.
Maia, o sujeito que, individualmente, mais se fortalece politicamente com a votação, sabe muito bem que sua força deriva do fato de ter conseguido aglutinar e comandar as lideranças do Centrão. Preencheu o vazio deixado pelo Planalto com seu despreparo e desarticulação.
No caso específico da Previdência, ajudaram também os empenhos e promessas de liberação de emendas, operados pelo ministros Onyx Lorenzoni no apagar das luzes do inexplicável fim de sua gestão na articulação política. Aliás, dizem que o ministro foi defenestrado da função por andar amigo demais de Maia.
O presidente da Câmara e a torcida do Flamengo sabem que ele – hoje incensado como primeiro-ministro informal do país – continuará tendo o poder enquanto controlar as forças que compõem o Centrão. Unidos, esses partidos de centro-direita que, junto com o DEM, o MDB e o PSDB representam quase dois terços da Casa, podem comandar a agenda dos próximos três anos.
De onde se conclui que – pejorativo ou não – agora teremos um governo do Centrão.