A cada dia que passa fica mais claro que os filhos do presidente Jair Bolsonaro estão longe de ser o maior problema do novo governo.
Basta ver o que o presidente fez ontem numa conversa com jornalistas selecionados pela Presidência, para a qual foram vetados representantes dos três maiores jornais impressos do país: Folha, Globo e Estadão.
Além de insistir na tática de guerrilha com setores da mídia que considera inimiga, Bolsonaro provocou, desta vez sozinho, problemas para o próprio governo ao desautorizar dois de seus principais ministros: Paulo Guedes e Sérgio Moro.
Na primeira tacada, sinalizou ao mercado financeiro e ao Congresso Nacional que a proposta da reforma da Previdência encaminhada ao Legislativo não tem o apoio nem mesmo do presidente, ao admitir antes mesmo do início da tramitação da matéria que poderá reduzir a idade mínima de aposentadoria das mulheres, de 62 para 60 anos.
Não satisfeito com o estrago, o presidente impôs ao ministro Sérgio Moro o seu maior constrangimento desde que aceitou trocar a magistratura por um cargo na equipe ministerial de Bolsonaro, ao pedir que este desconvidasse de um conselho consultivo a cientista política Illona Szabó para atender ao flanco conservador mais estridente das redes sociais.
O pedido foi acatado por um Moro visivelmente envergonhado, que ainda teve de administrar outras baixas em sua equipe como de Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e membro do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, e da promotora Monica Barroso, do Conselho Nacional de Política Penitenciária, que pediram exoneração em solidariedade à Illona Szabó.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) comemorou a decisão do pai nas redes sociais e escreveu: “Grande dia”.
Pode-se concluir que os chamados 01, 02 e 03, como Bolsonaro identifica os filhos mais velhos, são nada mais, nada menos do que um reflexo do próprio pai.