Segue o problema Venezuela. Na verdade, uma crise institucional que resulta em enorme drama para milhões de pessoas. Cresce a pressão de vários países para que Nicolás Maduro deixe o poder e seu lugar no Palácio Miraflores seja ocupado pelo deputado Juan Guaidó que, como se tem dito, autoproclamou-se presidente do país.
Os conflitos tomaram conta da Venezuela, seja na capital Caracas, onde está o presidente Maduro, seja em outras cidades e nas fronteiras com a presença de Guaidó. Há confrontos entre os apoiadores de um e de outro, com número impreciso de mortos e feridos. Luta entre civis e militares da Guarda Nacional Bolivariana.
A situação da Venezuela entrou para a lista de atenção de vários países, especialmente, da América Latina, mas movida principalmente pelo governo dos Estados Unidos, com Donald Trump à frente, pressionando aliados a aderirem ao seu propósito de ação que use a força militar. Algumas nações unem-se à causa, contudo com as tais ajudas humanitárias contribuindo com caminhões carregados de alimentos e medicamentos.
Observadores da chamada conjuntura internacional dizem que está passando a hora de a ONU entrar no assunto. Sua posição até agora de somente à distância acompanhar o que acontece está beirando a omissão. Em Bogotá, o Grupo de Lima, composto por presidentes, vices e chanceleres de 14 países — entre eles o ministro brasileiro Ernesto Araújo –, reuniram-se nessa segunda-feira para tratar especialmente da crise na Venezuela.
O próprio Juan Guaidó esteve presente. E disse em seu discurso que “o custo hoje é do regime utilizar suas últimas linhas de defesa porque não tem mais a lealdade de muitos dos seus militares”. Pediu um minuto de silêncio em respeito aos mortos finalizou afirmando que a crise tomou tamanho tal que não se pode mais atitudes moderadas.
Os vices Hamilton Mourão e Mike Pence representaram os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump. Pence exortou os generais ainda fiéis a Nicolás Maduro a abandonarem suas posições e cessarem o apoio que dão ao governo venezuelano, garantindo-lhes anistia. Caso não, arcarão com as consequências. E, por fim, sinalizou que os Estados Unidos iniciarão novas sanções à Venezuela. Porém, não se sabe ainda quais sanções serão essas a que se refere o vice americano.
O Brasil, por sua vez, adota posição de cautela e ponderação, apoiando a ideia de buscar solução na via diplomática e não em possíveis ações militares, o que poderia ter consequências imprevisíveis decorrentes de países que apoiam Maduro. O vice brasileiro também discursou e afirmou ser necessária solução negociada para a crise, mas declarou que a pressão e o cerco diplomático estão apenas iniciando. E, ainda, que o diálogo doravante dever se dar com líderes militares da Venezuela. Em Brasília, o presidente Bolsonaro reuniu-se o ministro da Defesa e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica no Palácio Planalto.
Enquanto isso, nas ruas o clima é de batalha. Tropas ainda fiéis a Nicolás Maduro cumprem ordens de defender ações que lhe pareçam interferência nos destinos da Venezuela. O resultado é o confronto entre civis e militares. A estimativa é que haja mais de duzentos feridos e que o número de mortos já ultrapasse a trinta. Os hospitais e as condições de abrigar novos refugiados venezuelanos estão praticamente esgotados, segundo o governador de Roraima, Antonio Denarium.
Em Santa Elena do Uairém e Pacaraima, e Ureña e Santander, cidades nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia, há crescente deserção de soldados e militares de baixa patente do exército bolivariano. Até o prefeito Emilio Gonzalez, da pequena Gran Sabana, abandonou o cargo e exilou-se em Roraima.