Se nada demais acontecer nas próximas horas, Rodrigo Maia será reeleito presidente da Câmara dos Deputados. Ele chegou a ter quase uma dezena de adversários, mas conseguiu um amplo acordo partidário. Coordenadores de sua campanha estão otimistas e afirmam que, hoje, a oposição à candidatura se reduz a PT, PSB, Rede e PSol. Os quatro partidos de oposição somam 99 deputados.
Depois da desistência de Arthur Lira, do PP, Maia recebeu garantias de que terá o apoio do MDB. Assim, fica enfraquecida a candidatura do deputado mineiro Fábio Ramalho, que ainda poderá concorrer como avulso, no entanto.
Com Maia no comando da Câmara cresce, e muito, o cacife do DEM no governo Jair Bolsonaro. O partido tem três representantes na equipe: Onyx Lorenzoni, na Casa Civil; Henrique Mandetta, na Saúde, e Tereza Cristina, na Agricultura. É a face mais política do governo, num sentido mais prático.
A experiência do DEM, herdeiro do velho PFL — este nascido da Arena — deverá ser bastante útil a Bolsonaro. Além de o partido estar alinhado à agenda liberal na economia, tem tradição na negociação política no Parlamento. O governo deve precisar dos profissionais da “velha política“ para cumprir suas promessas e aprovar reformas, especialmente a da Previdência.
Até aqui, o partido do presidente, o PSL, com bancada se 52 deputados, consumiu o período entre a eleição e a posse em brigas internas. Estrelas da legenda disputam entre si a preferência do presidente, ou do “Jair” , como preferem os que se sentem mais íntimos. Não é exatamente um bom começo para um governo com ambições de revolucionar o país. Os representantes da “velha ordem” não perderam tempo. Cultivam há décadas a máxima de que é preciso mudar para deixar tudo como está.