O dono da bola

Metade dos brasileiros acredita que, em seis meses, a corrupção terá diminuído consideravelmente no país. Também defende que o governo Bolsonaro dê prioridade à segurança pública nas primeiras medidas que enviar ao Congresso (58%). As reformas econômicas são o tema mais importante para um terço da população, e apenas para uma minoria (5%) temas relacionados aos costumes e valores deveriam ser o foco neste início de governo. A bola está mesmo é com Sérgio Moro.

A opinião sobre os primeiros dias de Jair Bolsonaro no poder foi medida pelo Ipespe para a XP Investimentos, com mil entrevistas telefônicas realizadas em todo país entre os dias 9 e 11 de janeiro. Para 63%, ele fará um mandato ótimo ou bom.

O ministro da Justiça recebeu não só a encomenda de resolver o assunto que mais aflige as pessoas, a violência urbana, como também a melhor avaliação entre personalidades políticas (7,3 pontos), ficando à frente do presidente Jair Bolsonaro (média de 6,7). Paulo Guedes, o ministro da Economia, um desconhecido para a grande maioria da população, está na terceira posição (6,1). É seguido pelo ex-presidente Lula, que mesmo preso e condenado, ganhou a quarta melhor nota, com 5,5.

A expectativa sobre o trabalho do ministro da Justiça detectada na pesquisa não chega a ser surpresa. Ele é bem conhecido, depois de quatro anos sob holofotes como o juiz da Lava-Jato. E, por isso mesmo, faz sentido que seja percebido como uma espécie de “xerife” no governo. A contrapartida é o aumento da sua responsabilidade no sucesso ou fracasso do governo em melhorar a percepção de segurança nas maiores cidades, em especial nas áreas de periferia. Também evidencia a dependência do presidente em relação a suas ações. Moro torna-se um tipo de ministro “indemissível” para Bolsonaro.

Em entrevista ao “Jornal das 10”, da Globonews, na terça-feira, o ministro mostrou que sente o peso da responsabilidade, ao afirmar que tem medo de não corresponder às expectativas. Quando perguntado se aceitaria ir para o Supremo Tribunal Federal, numa das vagas que serão abertas em 2020 ou em 2021, não descartou a ideia, repisou uma de suas dúvidas sobre o futuro: “Minha preocupação é ser um bom ministro da Justiça. Não sei se estarei no Ministério, não sei como vai ser minha relação…” Com o presidente, por suposto.

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