Cerimônia de subir e descer a rampa do Palácio do Planalto. Será que o presidente Jair Bolsonaro trará de volta esse costume que era comum nos governos de seus antecessores Garrastazu Médici, Ernesto Geisel, João Figueiredo e Fernando Collor?
Repare nessa foto. Nos idos de 1984, o presidente João Figueiredo chega ao Palácio do Planalto. A acompanhá-lo, os generais Danilo Venturini e Golbery do Couto e Silva – auxiliares diretos de seu gabinete – além do chanceler Ramiro Saraiva Guerreiro. Mais atrás, o diplomata-chefe do Cerimonial da Presidência e o ajudante de ordens. Para dar colorido à festa, soldados do Batalhão da Guarda Presidencial e dos Dragões da Independência usam uniformes de gala.
O ato de os presidentes subirem e descerem a rampa do Planalto era, na época dos governos militares, acontecimento contumaz. Os repórteres e fotógrafos que cobríamos a Presidência estávamos sempre presentes a ela porque era uma oportunidade de fotografar o presidente num clima diferente da formalidade de suas audiências no gabinete.
A cerimônia de subida rampa resulta do pedido que o então presidente Juscelino Kubitschek fez ao protocolo da Presidência, ainda em 1960. Era mais uma inovação de JK. Queria despertar o caráter cívico nos visitantes da Praça dos Três Poderes, aproximar o Chefe de Nação do povo.
Porém nem todos os presidentes que sucederam Juscelino seguiram seu desejo. Jânio Quadros e João Goulart tiverem mandatos curtos e praticamente não puseram os pés na rampa. Já os marechais Castello Branco e Costa e Silva, assim como os generais Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueiredo eram assíduos. José Sarney reduziu a chegada ao Planalto com subida pela rampa a uma vez por mês.
A rampa do Planalto é peça característica da leveza dos traços da arquitetura de Oscar Niemeyer, autor do projeto do palácio edificado para sediar o Poder Executivo. Doutor Oscar dizia que optou por essa forma para simbolizar que as questões do País podem chegar ao gabinete presidencial de maneira suave, sem os solavancos dos degraus de uma escada.
O último presidente a cultivar esse hábito com regularidade foi Fernando Collor, em seu curto governo que durou de março de 1990 a dezembro de 1992. Convidava personalidades, artistas, atletas, gente famosa enfim para acompanhá-lo quando descia, nas sextas-feiras, encerrando a rotina de trabalho da semana.
Os presidentes depois de Collor – Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff e agora Michel Temer – em poucas ocasiões participaram da solenidade de subida ou descida da rampa do Planalto. Hoje, a cerimônia acontece somente para receber visitantes ilustres de outros países que vêm ao Brasil.
Jair Bolsonaro vai trazer de volta essa cerimônia?
Orlando Brito