2018, definitivamente, é um ano que não quer acabar. Pretende manter o país todo mobilizado até o último minuto.
Só isso pode explicar o que Brasília viveu ontem, expondo uma guerra de vaidades entre algumas das principais autoridades da República, que, sinceramente, pareceram disputar protagonismo no cenário político.
Em questão de poucas horas, acompanhem o que aconteceu:
O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, autorizou a soltura de cerca de 169 mil presos em razão da condenação em segunda instância, entre eles o ex-presidente Lula.
O deputado Rodrigo Maia aproveitou a breve interinidade na Presidência para sancionar uma lei que seria vetada pelo atual e, certamente, também pelo futuro titular do cargo. Pelo simples fato de a medida flexibilizar a Lei de Responsabilidade Fiscal para municípios.
E a dez dias do fim do mandato de Temer, a procuradora-geral da República Raquel Dodge decidiu apresentar a terceira denúncia contra atual o presidente, que passará a partir de janeiro ser um assunto da Primeira Instância do Judiciário.
Foi o suficiente para aqueles que pensavam estar se despedindo de 2018 garantirem também mais alguns minutos de holofote.
Entre eles, o ex-presidente Lula, que mesmo preso e derrotado nas eleições deste ano, conseguiu mobilizar novamente a tropa petista, que retomou a campanha por sua libertação. Ainda que frustrada pelo presidente do STF. Mas isso até abril, quando o assunto voltará à ordem do dia da Corte Suprema.
Depois de passar dias acuado pela falta de explicações do ex-funcionário de Flávio Bolsonaro, que movimentou R$ 1,2 milhão, Bolsonaro finalmente voltou à sua zona de conforto. E ainda fez média com ministro Dias Tóffoli, que suspendeu no fim do dia a liminar de Marco Aurélio.
Tampouco precisou comentar o fato de Fabrício Queiroz não ter comparecido ao depoimento marcado pelo Ministério Público do Rio, o que ajudaria a família Bolsonaro a se defender das suspeitas de que teriam alguma coisa a ver com a estranha movimentação financeira do ex-funcionário de Flávio Bolsonaro.
Claro que neste cenário não poderia faltar o ministro Lewandowski, que também aproveitou o último dia de funcionamento do Judiciário para suspender a medida provisória que adiava de 2019 para 2020 o reajuste de salários de servidores públicos federais.
Um presente de grego para o novo governo, que assume o comando do país com mais uma conta de R$ 4,6 bilhões para pagar. Esse é o impacto do reajuste que alcança 209 mil servidores civis ativos e 163 mil inativos.
Calma gente, que ainda temos dez dias antes de 2019 chegar!