Interessante como a história de cada pessoa muda com o passar do tempo.
Há dois anos, em novembro de 2016, a comissão especial da Câmara que discutia o projeto das 10 medidas contra a corrupção, propostas do Ministério Público, vivia um dia de verdadeiro frisson. No momento em que o relator Onyx Lorezzoni ia apresentar seu texto, surgiu um impasse: de que maneira seriam postas para votação a anistia ao caixa 2 de campanha e a punição para magistrados por abuso de poder?
Onyx — pressionado por vários parlamentares — pediu uma hora para dar nova forma ao seu relatório. Deputados contrários e a favor dos dois quesitos ficaram à sua espera. Diante da demora, por várias vezes indagaram nos microfones do paradeiro de Lorenzzoni. O presidente da Comissão, Joaquim Passarinho, do Pará, disse também não saber como localizar o relator. Somente à noite, após seis horas de ausência, Onyx Lorezzoni reapareceu.
Soube-se depois que Onyx passara a tarde na residência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dando nova versão ao texto do seu relatório, com 12 medidas.
A sala da comissão especial estava cheia e o clima era de muita expectativa em torno do novo relatório de Lorezzoni. Mas com sua ausência, as atenções voltaram-se para o procurador Deltan Dallagnol, um dos autores das sugestões das 10 medias e componente da força tarefa da Operação Lava-Jato, homem de confiança do juiz Sérgio Moro. Teve de atender a vários pedidos para selfies, dar autógrafos e entrevistas.
Moro, aliás, esteve na comissão da Câmara para falar das medidas contra a corrupção. O tema, enfim, foi a votação no grande plenário da Câmara com o quesito polêmico da criação de punição para os magistrados por abuso de poder. A proposta foi aprovada por 313 a 132 votos. Os deputados Onyx Lorenzzoni e Jair Bolsonaro votaram “não”.
Passados dois anos, o que mudou na vida desses personagens?
Rodrigo Maia ainda é o presidente da Câmara. Joaquim Passarinho reelegeu-se deputado pelo Pará. Onyx Lorenzzoni hoje comanda a equipe de transição do governo Temer para o novo, do qual será o Chefe do Gabinete Civil da Presidência. Sérgio Moro despediu-se de seu cargo de juiz de primeira instância em Curitiba e assumirá o Ministério da Justiça em primeiro de janeiro.
Deltan Dalagnol é um dos nomes mais cotados para assumir a Procuradoria-Geral da República, no lugar da magistrada Raquel Dodge, em setembro de 2019.
E Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República.