Tudo bem, não dá para abafar a Lava Jato. Mas ministros e parlamentares próximos ao presidente em exercício, Michel Temer, começam a defender uma nova estratégia: é preciso conter os vazamentos da Operação Lava Jato.
Em pouco tempo de governo, por conta do vazamento das gravações de conversas do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, Michel Temer já perdeu seu ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), e corre o risco de ter que afastar também o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira.
Em outro vazamento, da delação premiada do ex-deputado Pedro Correia, o próprio Michel Temer foi atingido com a acusação de ter recebido dinheiro sujo para campanha eleitoral.
Além do estrago no Executivo, os vazamentos estão atingindo em cheio o Congresso, especialmente aliados importantes para a aprovação de projetos de interesse do governo, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).
O argumento de aliados junto ao presidente em exercício é de que, deste jeito, voltará o clima de ingovernabilidade da administração de Dilma Rousseff. E, portanto, Temer precisaria convencer o Ministério Público, o Judiciário e até a Polícia Federal da necessidade de se estacarem os vazamentos da Lava Jato. A Operação pode seguir, mas não precisa haver vazamentos.
O próprio Temer tem concordado com a necessidade de conter os vazamentos, mas ele tem dito que não sabe se um movimento nessa direção poderá ser interpretado como tentativa de barrar a Operação como um todo.
De qualquer maneira, com seu jeito sutil, o presidente já começa a tomar o pulso do Ministério Público e do Judiciário. Esteve sábado com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e hoje deve se encontrar com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.